Dia Mundial do Câncer: Brasil deve registrar 704 mil casos da doença em 2023, sendo 38 mil apenas na Bahia

O câncer de pele não melanoma é o mais frequente no Brasil. Aumento da incidência das doenças oncológicas no país e no mundo está ligado a fatores como envelhecimento da população, hábitos de vida e maior procura por serviços de saúde e consequente notificação

Segunda principal causa de morte no Brasil, ficando atrás apenas das doenças cardiovasculares, o câncer continua avançando em incidência em todo mundo. Segundo dados recentes do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o país deve registrar 704 mil novos casos da doença por ano entre 2023 a 2025, sendo 38.840 casos na Bahia. A estatística representa um aumento de quase 13% em relação às estimativas do triênio 2020-2022, que indicavam 625 mil mortes anuais no país.

No Dia Mundial do Câncer, campanha criada pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC) e celebrada no dia 4 de fevereiro, especialistas reforçam que a prevenção e o diagnóstico precoce ainda são os principais caminhos de enfrentamento à doença que, segundo dados do atlas da mortalidade do Inca, vitimou 225.839 no Brasil e 13.466 na Bahia em 2020.

“O Dia Mundial do Câncer é uma campanha que tem dois objetivos principais. Um deles é orientar e alertar a população sobre como prevenir e fazer o diagnóstico precoce e também conscientizar os governos e gestores de saúde sobre a importância de fortalecer as políticas públicas de incentivo às medidas de prevenção e rastreamento, de forma que se possa garantir o diagnóstico da doença mais cedo, tratar as pessoas com menos recursos e com maior probabilidade de cura”, afirma o coordenador do Hospital Integrado do Câncer do Mater Dei Salvador, Cleydson Santos.

Segundo o oncologista, o aumento da incidência do câncer no Brasil e no mundo está ligado a diversos fatores. Entre eles, o envelhecimento da população. Embora o câncer também se apresente em pessoas mais jovens, a maior parte dos casos ocorre em pessoas mais velhas, a partir do envelhecimento das células do corpo. Outro motivo é o aumento da procura pelos serviços de saúde para diagnóstico da doença, que resulta em mais registros e notificações de casos. Ele destaca também que o aumento de casos pode estar relacionado aos hábitos de vida da população.

“O estilo de vida pode contribuir para o surgimento de alguns tipos de câncer. Alguns riscos são o tabagismo, a obesidade, o consumo exagerado de álcool e de alimentos industrializados, processados e embutidos. Esses hábitos podem impactar no futuro, por isso, é importante cuidar do peso corporal e da alimentação, fazer atividade física, usar protetor solar, fazer relação sexual com proteção e tomar algumas vacinas preventivas contra o HPV e a hepatite B. São medidas simples que ajudam muito”, aconselha o especialista.

Desafios do combate ao câncer – Para o coordenador do HIC do Hospital Mater Dei Salvador, o desafio do combate ao câncer no Brasil ainda esbarra nas dificuldades de acesso aos exames para diagnóstico. Ele destaca a necessidade de melhorar as medidas de prevenção e o acesso da população a todos os exames de rastreamento.

Cleydson Souza destaca que existem tipos de cânceres que podem ser prevenidos. A vacinação de meninos e meninas contra o Papiloma Vírus Humano, mais conhecido como HPV, por exemplo, reduz o risco de desenvolvimento dos cânceres de colo do útero, anus, garganta e pênis. A vacina contra a hepatite B também contribui para a prevenção do câncer de fígado.  Ambos imunizantes estão disponíveis no SUS.

Avanços no tratamento e na abordagem – Nos últimos anos, os avanços científicos e tecnológicos permitiram uma nova perspectiva no combate ao câncer. Um dos grandes avanços foi no tratamento cirúrgico com a aplicação da cirurgia robótica, que é utilizada para o tratamento de diversos tipos de câncer principalmente na área urológica e no trato gastrointestinal.

Houve avanço também no tratamento com radioterapia que conta atualmente com aparelhos muito modernos capazes de tratar a doença de forma precisa, atingindo apenas o tumor, preservando todos os órgãos saudáveis que estão em volta da lesão e reduzindo os efeitos colaterais. No campo da oncologia clínica, ocorreram avanços no tratamento de quimioterapia e a aplicação de medicamentos venosos e orais mais modernos como a imunoterapia e a terapia alvo, que são mais eficazes e possuem menos efeitos colaterais.

O coordenador do HIC destaca que também houve avanços na realização de exames, que são capazes de fornecer mais detalhes sobre cada tipo de tumor e permitir um tratamento mais personalizado para o paciente. “Hoje nós estudamos muito mais do que o DNA da célula maligna. Procuramos naquela célula não apenas a informação se ela é maligna ou não, mas também nos aprofundamos no estudo genético e molecular do câncer para tentar identificar algum tratamento que seja mais eficaz para aquele caso específico. Isso acaba nos dando um norte e nos guiando para tomar as melhores decisões no tratamento”, explica.

Mater Dei – O Hospital Integrado do Câncer do Hospital Mater Dei Salvador dispõe de equipe multidisciplinar capacitada para o atendimento de pacientes oncológicos, alinhado às práticas mundialmente validadas para tratamento da doença. A unidade possui equipamentos com tecnologia de ponta para diagnóstico e todas as fases do tratamento e oferece as terapias mais avançadas do mundo para o tratamento do câncer. O HIC atua desde os tratamentos quimioterápicos clássicos a técnicas mais modernas como a hormonioterapia e a imunoterapia,

No uso da imunoterapia, a Rede Mater Dei é considerada pioneira, tendo uma das equipes com maior frequência e experiência no uso dessa terapia. O tratamento é considerado como o maior avanço no tratamento de metástases até o momento. A técnica tem o objetivo de potencializar o sistema imunológico de forma que este possa induzir o combate das células cancerígenas, diferentemente de outros mecanismos de ação contra o câncer que se baseiam diretamente no combate às células cancerígenas.

O hospital também utiliza as terapias alvo, como os anticorpos monoclonais que são indicados para agir em uma mutação específica encontrada no tumor. Essas técnicas melhoram a eficácia do tratamento e reduzem os efeitos colaterais do paciente.