Carnaval: exposição ao sol, ingestão de álcool e de comidas de rua criam cenário que pede cuidado dobrado com a saúde

Privilegiar a ingestão de água, sobretudo durante o uso de bebidas alcoólicas, evitar roupas úmidas por tempo prolongado, limitar exposição ao sol e escolher bem os alimentos são dicas para o período quente e festeiro

Os dias alegres e ensolarados de Carnaval são um convite para horas de exposição ao sol. Isso sem falar das aglomerações ao ar livre que envolvem, na maioria das vezes, o consumo de alimentos de rua e bebidas alcoólicas Por isso, durante a festa mais esperada do ano é necessário ficar atento aos cuidados com a saúde e reforçar hábitos saudáveis para evitar algumas doenças comuns do período. Afinal, é hora de aproveitar a folia e não de ficar doente.

O coordenador da clínica médica do Hospital Mater Dei Salvador, Silvestre Sobrinho, chama atenção para o perigo do consumo de bebida alcoólica em excesso no calor. Ele comenta que muitas pessoas têm a falsa sensação de que a cerveja, por exemplo, mata a sede porque é gelada, mas ocorre justamente o contrário. “Quando se ingere bebida alcoólica você aumenta a diurese e a pessoa que não repõe a água tende a desidratar. O ideal é manter o consumo bem equilibrado, intercalando a ingestão de bebida alcoólica com água. Sucos e refrigerantes, por exemplo, não são recomendados, pois possuem açúcar e sódio que podem favorecer a desidratação. O recomendado é a ingestão de, no mínimo, dois litros de água por dia”, informa.

Para quem desfila nos blocos durante o dia ou gosta de conciliar praia e Carnaval nos dias da festa, vale ficar atento aos sintomas que sinalizam a desidratação. Os mais comuns são mal-estar, náuseas, vômitos, hipotensão e às vezes confusão mental.

Doenças dermatológicas – E se a intenção é desfilar na folia com a pele bronzeada, o alerta é para evitar os efeitos nocivos dos raios ultravioletas. Longas horas de exposição no sol podem resultar não apenas em um belo bronzeado, mas também em queimadura solar, processo inflamatório da pele que pode trazer muito incômodo e dor. As queimaduras de sol podem apresentar sintomas leves como pele avermelhada e ardor até os mais graves a exemplo de inchaço, bolhas, febre e calafrios.

Para evitar a queimadura solar é importante tomar alguns cuidados durante a exposição ao sol. Segundo Silvestre Sobrinho, é indispensável o uso de protetor solar e roupas com fotoproteção, óculos de sol e chapéu. “O ideal é que o protetor solar seja aplicado de 20 a 30 minutos antes da exposição solar e reaplicado a cada duas horas”, alerta. É recomendado também evitar a exposição solar entre o horário das 12h às 16h.

Além da queimadura existem outras doenças dermatológicas que costumam surgir ou agravar durante o verão devido à exposição do sol. Uma delas é a acne solar. Isso ocorre porque o sol e o calor estimulam as glândulas sebáceas a produzir mais oleosidade, piorando a inflamação. Também podem ser agravadas pela exposição dos raios ultravioletas, as rosáceas, manchas vermelhas ocasionadas pela dilatação dos vasos, e o melasma, caracterizadas por manchas escuras.

A micose também é outro problema de pele bastante comum nesse período. Ela ocorre devido o calor e a maior umidade dessa época do ano que favorecem a proliferação de fungos e microrganismos responsáveis por essas afecções da pele. A micose ocorre principalmente em pessoas que ficam muito tempo expostas a roupas úmidas, principalmente em regiões que possuem dobras no corpo. Para evitar o aparecimento de micoses, é importante manter a higiene do local. “Nós orientamos sempre que não haja compartilhamento de toalhas e que as pessoas não fiquem muito tempo com as roupas úmidas após o uso sem fazer uma higiene no local porque há uma maior chance de proliferação de fungos, sobretudo na região inguinal como a virilha”, alerta o médico.

Intoxicação Alimentar – Durante o Carnaval, depois de horas caminhando e dançando atrás do trio elétrico, é muito comum que as pessoas se descuidem um pouco da alimentação e acabem comendo também com maior frequência fora de casa. Por isso é preciso ficar atento ao risco das intoxicações que estão relacionadas com a ingestão de alimentos contaminados. As altas temperaturas do verão favorecem a proliferação de bactérias e fungos, acelerando a decomposição dos alimentos, principalmente os que estão armazenados inadequadamente, com destaque para os que estão expostos na rua.

“Os alimentos expostos ao calor podem gerar quadros de intoxicação alimentares, como a gastroenterite, uma inflamação do trato digestivo que resulta em vômitos e/ou diarreia. É um quadro que a depender da gravidade precisa de internação para hidratação parenteral e antibiótico. “Por isso a gente recomenda que os alimentos estejam muito bem refrigerados e que as pessoas fiquem atentas às condições de higiene do local antes de consumir o alimento”, alerta o coordenador da clínica médica.

Conjuntivite – O Carnaval também é a época do ano que mais surgem casos de conjuntivite, inflamação da membrana conjuntiva que reveste o globo ocular e a parte interna da pálpebra. Ambientes quentes e úmidos, aliado à maior exposição a aglomerações e o contato direto com as pessoas facilitam a propagação e o contágio da doença. A conjuntivite é caracterizada pelos olhos vermelhos, sensíveis à luz e lacrimejantes, visão borrada e sensação de areia nos olhos.  A conjuntivite pode ser transmitida através de contato direto com uma pessoa contaminada ou por compartilhamento de objetos de uso pessoal.

Silvestre Sobrinho Sebastião chama atenção para a importância da proteção dos olhos durante a exposição do sol. “Muitas vezes negligenciamos a proteção de olhos que são agredidos pelos raios ultravioletas. Por isso é essencial o uso de óculos com proteção ultravioleta, evitando a exposição direta”, aconselha.

Ele pondera que é possível aproveitar o Carnaval com tranquilidade e saúde, tomando alguns cuidados para evitar o surgimento dessas patologias frequentes nessa época do ano. “A nossa orientação é que quando a pessoa apresente algum sintoma dessas patologias, evite a automedicação e procure um especialista para fazer a avaliação e o tratamento correto”, afirma.