Precursora dos grandes trios de Carnaval em São Paulo, a cantora Daniela Mercury disse que voltar a sair na cidade com o bloco Rainha da Pipoca, neste ano, é uma “grande celebração do fortalecimento da democracia no país”.
“Hoje é dia de celebrar, dia de celebrar o Carnaval, de celebrar a vida, a paz, o amor, a democracia”, disse a cantora antes de o bloco começar.
Seguindo a tradição mantida desde 2016, a cantora baiana fecha oficialmente o Carnaval paulistano neste domingo (26), com um desfile pela Consolação, na região central da cidade. Segundo ela, essa é a “saideira do Carnaval paulistano”.
Antes de iniciar o desfile, ela dedicou a apresentação à cantora Rita Lee. “À nossa tão querida e necessária, que ela se recupere rápido.”
Ela também disse que apresentação deste domingo era uma homenagem ao centenário de Osmar Álvares Macedo, da dupla Dodô e Osmar, os pais do trio elétrico. Inclusive, o veículo usado para o desfile do bloco veio de Salvador.
Vestindo vermelho da cabeça aos pés, Daniela disse que vermelho é a cor “dessa cidade”, do Carnaval e da democracia. Ela foi uma das artistas que mais se manifestou contrária ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ela também foi uma das artistas que mais se empenhou na campanha eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A última vez que a cantora tocou nas ruas de São Paulo foi quando o petista se elegeu.
O “Canto da Cidade” foi a segunda música que ela tocou neste domingo. A primeira foi “Swing da Cor”, levando a multidão a cantar em coro.
Segundo Daniela, sua roupa e de seus bailarinos foram feitas por pessoas que foram resgatadas de situação de trabalho escravo.
“Tudo isso que o Brasil tem para celebrar tem a ver com democracia, não dá para pensar no Brasil com ranço autoritário. A gente aprendeu muito nos últimos anos, eu espero que a gente agarre a democracia com mais carinho, com mais amor. Participar do Carnaval também é um ato político, é vir para a rua, é se misturar com todo mundo e não discriminar”, disse Daniela,
Daniela cantou por mais de quatro horas, descendo a rua da Consolação, sentido a praça Roosevelt, e trouxe canções de Gal Costa e Alceu Valença. Para ela, essa é uma forma de lembrar que São Paulo foi construída por imigrantes nordestinos que deram a cara para a cidade paulista.
Ela também disse ainda que a maioria dos integrantes de sua banda são pessoas transexuais e que ela celebra a liberdade ao sair com seu bloco.
“O Carnaval é um sonho que eu queria ver todo dia, todo mundo junto, todo mundo fantasiado, livre podendo mostrar sua identidade de gênero, sexual. Essa é a liberdade de expressão que a gente precisa. Essa é a festa que a gente precisa de arrancada pra democracia.”
Folhapress / Foto: Gabriel Cabral