O Podemos decidiu, na noite desta segunda-feira (9), expulsar o deputado federal Marco Feliciano (SP) por infidelidade partidária e por infração ética e moral.
A punição ao congressista foi sacramentada pela direção do partido em São Paulo por unanimidade.
De acordo com a decisão, o deputado violou as regras de fidelidade por ter feito campanha para Jair Bolsonaro nas eleições de 2018, ignorando o candidato do partido, senador Alvaro Dias (PR).
De acordo com o regimento interno, Feliciano tem três dias para recorrer à executiva nacional do Podemos. Procurado, o deputado divulgou uma nota na manhã desta terça-feira na qual fala em “processo de exceção” (leia abaixo).
Em comunicado ao deputado federal, o presidente do partido em São Paulo, vereador Mario Covas Neto, afirmou que, além de questões jurídicas, ele “transgrediu” sob o aspecto “da conduta ética e moral”, “tornando-o não identificado com o espírito partidário inerente e necessário”.
“Penalizar alguém não é algo que eu goste. Lamento muito, mas temos de dar uma resposta ao nosso filiado. Conduzimos um processo democrático, com amplo direito de defesa”, afirmou Covas Neto à Folha.
De acordo com o dirigente, o partido em São Paulo recebeu uma representação contra Feliciano no fim de setembro e, mesmo informado sobre a abertura do processo interno, o deputado não se manifestou.
A expulsão do deputado também se baseou no fato de ele ter solicitado em abril um reembolso de R$ 157 mil à Câmara para cobrir gastos referentes a um tratamento odontológico.
Segundo as informações publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, a justificativa do parlamentar para o pedido, aprovado pela Casa, foi a necessidade de corrigir um problema na articulação da mandíbula e de fixar coroas e implantes.
Em nota, o Podemos afirmou que o diretório estadual não tem competência para decidir sobre a expulsão do deputado e que o resultado final do processo disciplinar será decidido pela executiva nacional.
O deputado Feliciano se manifestou na manhã desta terça-feira por meio de nota:
Em relação à minha expulsão do Podemos, assim me manifesto
1 – Ser expulso de um partido por apoiar o presidente Bolsonaro é para mim motivo de orgulho. Por isso aceito a decisão.
2 – Contudo, saliento que se tratou de um processo de exceção, onde sequer fui intimado a me defender.
3 – Os motivos elencados pelo partido para me expulsar são todos mentirosos. Afinal, se fossem verdade, teriam que expulsar quase todos os deputados federais, pois como eu pediram à Câmara ressarcimento de gastos em saúde.
4 – Nesse sentido, afirmo que jamais cometi qualquer irregularidade na minha vida pública, e quem disser ao contrário será devidamente processado civil e criminalmente.
5 – Por fim, deixo claro que tudo isso é uma trama do presidente estadual do Podemos, Mário Covas Neto, que colocou o partido a reboque dos interesses de seu parente Bruno Covas.
Deputado Marco Feliciano
Vice-Líder do Governo no Congresso Nacional
Fonte: Folha Press