“A gente precisa escutar que tipo de carne os consumidores querem”, diz presidente da CRV Lagoa

Depois de um crescimento de 28% no primeiro semestre do ano do mercado de vendas de sêmen de gado de corte, número adiantado pela Asbia ao Giro do Boi, as empresas do setor chegaram à segunda metade de 2019 com altas expectativas. O tema voltou a estar em evidência no programa desta segunda, dia 28, em exibição de entrevista com o engenheiro agrônomo holandês Rudi Den Hartog, diretor presidente da CRV Lagoa, uma das companhias pioneiras no ramo da genética bovina no Brasil.

O executivo destacou que o pecuarista deve balizar as suas decisões na demanda de seus clientes finais, os consumidores de carne bovina. “A gente precisa enxergar um pouco mais longe, não pode só olhar o que está fazendo aqui. A gente precisa olhar aonde vai a nossa carne e o que o cliente que come essa carne quer, que tipo de qualidade, porque ele paga a conta”, alegou. Hartog ressaltou que o sistema de produção brasileiro a pasto, por exemplo, é um dos diferenciais do país. “Os consumidores têm as exigências e a gente precisa escutar que tipo de carne eles querem, como eles querem que a gente trate nossos animais”, complementou Hartog.

Calibrando a qualidade do produto ofertado, o país caminha mais um passo para se aproximar de todo o seu potencial produtivo, conforme analisou o presidente da CRV Lagoa. “Neste caso eu acredito que o Brasil está no caminho certo, e eu acho que o Brasil também vai ser um dos poucos países que têm este potencial. Se a gente precisa dobrar a produção de carne dentro de 20 a 25 anos, um dos poucos países que têm este potencial é o Brasil mesmo. E, para isso, precisa melhorar a genética do animal para ele crescer mais rápido, com uma alimentação mais saudável, etc”, opinou.

Esta evolução, segundo Hartog, passa pela aplicação de tecnologias na pecuária do mesmo modo como foi feito – em velocidade e escala maiores – na agricultura, setor no qual, para o executivo, o Brasil já está no topo da produtividade. “A pecuária cresceu bem, eu enxergo realmente que estamos com qualidade de carne melhor, de leite, mas poderia ser bem mais. Isso tem muito a ver, eu acredito, com o fato de que o pecuarista é mais tradicional que o agricultor. A maioria procura segurança, […] é tradicionalista. O agricultor aprendeu, pegou tecnologia de vários países, aplicou e cresceu demais. Então o pecuarista tem ainda uma tarefa para fazer aqui, está em um caminho bom, vejo muitas empresas com resultados maravilhosos, mas grande parte precisa crescer ainda mais”, considerou.

No país, pouco mais de 10% das matrizes de gado de corte em idade reprodutiva são inseminadas, número considerado muito abaixo do que deveria por conta do impacto positivo que tem a tecnologia usada na reprodução em termos de produtividade e qualidade de carne. “Eu acho que ainda é pouco, 12 a 13%. Eu acho que o primeiro nível seria pelo menos 40% a 60%. Os países europeus todos são nessa faixa, até para cima. […] O importante é que a gente cresça porque com isso a gente garante a nossa qualidade”, propôs Rudi.

Fonte: Giro do Boi