Famílias agricultoras dos povoados Sítio do Lúcio e Campos Novos, município de Paulo Afonso, passaram a contar com viveiro de mudas. A iniciativa vai contribuir, não só com o repovoamento florestal das áreas de Caatinga dos agroecossistemas, como também na formação de pomares e com o uso de Plantas Alimentícias Não-Convencionais (PANC) pelas comunidades.
A ação, que contou com o envolvimento de famílias das comunidades, integra a ação de assistência técnica e extensão rural (Ater), prestado pela Assessoria e Gestão em Estudos da Natureza, Desenvolvimento Humano e Agroecologia (Agendha). A organização é uma das contratadas pelo Governo do Estado, para prestar o serviço de Ater da Chamada Pública Ater Agroecologia, coordenada pela Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).
Joelma Teixeira Lima, do povoado Campos Novos, ressalta que o projeto ajuda o meio ambiente que está muito devastado, mas também contribui com a produção de alimentos. Ela destaca ainda a importância de ter o acompanhamento técnico na comunidade: “Nós recebemos muitas dicas de como trabalhar com a terra, como proteger nosso solo e como adubar nossas plantas. Aqui na minha roça, eu tenho outras frutíferas que consigo comercializar, no tempo da chuva, como o caju, o umbu, o licuri e a laranja. Eu consegui tirar e comercializar muitas laranjas nessa última safra”.
A agricultora Ivaneide Silva, do povoado Sítio do Lúcio, fala sobre o quanto as ações estão contribuindo para recuperar áreas da comunidade: “Esse plantio de mudas na nossa comunidade é um meio de estarmos ajudando a natureza, e de estarmos procurando recuperar o que está perdido no meio ambiente”.
Por meio da Ater Agroecologia, executada pela Agendha, são atendidas, nos Territórios de Identidade Itaparica e Semiárido Nordeste II, 540 famílias agricultoras, povos e comunidades tradicionais. O objetivo é promover a inclusão socioprodutiva de agricultores familiares e associações comunitárias, no fortalecimento dos agroecossistemas familiares, tendo como foco o desenvolvimento rural sustentável, a superação da pobreza rural e a sustentabilidade socioambiental, com enfoque agroecológico, priorizando as questões de gênero e geração e fundamentada no princípio de que as pessoas são centrais na promoção do desenvolvimento.
Edvalda Aroucha, técnica e uma das fundadoras da Agendha, destaca a importância do apoio do Governo do Estado, por meio da SDR e suas unidades, especialmente nesse período de pandemia e de consequências desse período: “A SDR chega com esse suporte e aporte às famílias, principalmente para a segurança alimentar. É nesse contexto que a Agendha centra suas ações visando reduzir os impactos da pandemia, entre elas organizando a produção de mudas frutíferas, que irão beneficiar famílias selecionadas no edital emergencial do Bahia Produtiva”. Ela salienta ainda que a ação da SDR é estruturante, pois além de levar o projeto de inclusão, leva também para as famílias, o assessoramento técnico, que é a parte de continuidade e fortalecimento da ação.
O serviço prestado pela chamada pública Ater Agroecologia também apoia o acesso dos agricultores e agricultoras familiares a outras políticas públicas, a exemplo do Edital Emergencial do Bahia Produtiva, projeto executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR/SDR).
Com o acompanhamento técnico, foi possível à Associação Comunitária de Campos Novos ser selecionada para a implantação de 20 Sistemas de Produção Agroecológica de Alimentos Biodiversificados. Para a Associação de Desenvolvimento de Pequenos Produtores Rural do Sítio do Lúcio, que também foi selecionada no Edital Emergencial, está prevista também a instalação de 22 Sistemas de Produção Agroecológica de Alimentos Biodiversificados. A ação além de promover a segurança alimentar e nutricional das famílias beneficiadas, vai garantir o aumento da produção local de alimentos e a geração de renda.
O repovoamento florestalA ação do Viveiro de Mudas da Sociobiodiversidade, das Caatingas e dos Cerrados é uma iniciativa da Agendha e visa produzir e plantar 110 mil mudas de plantas nativas na Estação Ecológica Raso da Catarina (ESEC) e da Agrobiodiversidade, para povos e comunidades tradicionais, extrativistas e da agricultura familiar, e 40 mil mudas para reflorestamento das comunidades do entorno da Unidade de Conservação.
Foram plantadas mudas de plantas medicinais, frutíferas e essências florestais, com predominância de espécies da Caatinga, a exemplo de mudas de Mulungu, Caraibeira, Jacuretá (Jatobá), Leucena, Pau-Ferro, Mororó (Pata de Vaca), Moringa, Umbu, Tamarindo, Caju, Trapiá e Azeitona.
A implantação dos viveiros conta com o apoio financeiro do Fundo de Desenvolvimento Global (GEF Terrestre), em parceria com o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Ministério do Meio Ambiente, do Governo Federal, e One Tree Planted. Tem ainda o apoio da Diocese de Paulo Afonso, com a disponibilização das áreas do Recanto Solidário.