As águas da transposição do rio São Francisco finalmente estão fluindo. De Pernambuco seguem por dois eixos para 390 municípios da região Nordeste, garantindo segurança hídrica a pelo menos 12 milhões de pessoas. O Eixo Norte segue para o Ceará e o Rio Grande do Norte. E o Eixo Leste atende principalmente Pernambuco e a Paraíba.
A obra de transposição teve início em 2007, durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva, e consumiu mais de 10 bilhões de reais. O tempo de construção inicialmente estimado era de cinco anos, mas atrasos e interrupções, sobretudo durante o governo de Dilma Rousseff, estenderam o prazo para 13 anos. E a inauguração ficou por conta do governo Jair Bolsonaro. Em junho de 2020, o presidente abriu as comportas na represa de Milagres (PE) e as águas liberadas passaram a encher o Açude de Jati, já no Ceará.
No total, são 477 quilômetros de canais principais para levar as águas do Velho Chico até reservatórios e canais secundários, intercalando trechos com bombeamento e escoamento por gravidade. O atual governo contribuiu com R$ 271,5 milhões ao maior empreendimento hídrico no País. Além do término do Eixo Norte, o recurso foi destinado a ações ambientais, de recuperação e modernização dos reservatórios estratégicos e para a operação e a manutenção das estações de bombeamento e demais estruturas.
Os investimentos em revitalização do rio São Francisco incluem obras de desassoreamento, proteção a nascentes e matas ciliares, além de tratamento de esgotos e resíduos sólidos nas cidades banhadas pelo Velho Chico, à montante do trecho da transposição.
As capitais estaduais e grandes cidades, como Campina Grande, já não dependem de poços, cisternas e passam a receber água de qualidade com prioridade. O uso dessa água se restringe às necessidades do meio urbano: lavar louça, lavar roupa, tomar banho, fazer comida e, sobretudo, dar a descarga.
•No meio rural, os canais da transposição funcionam apenas como barreiras. Sem meios de transpor os canais, de 3 a 4 metros de profundidade, ladeados por muros, os sertanejos não conseguem passar: nem caminhando, nem com jegues, muito menos com carroças e demais veículos de transporte dos produtos agropecuários. Isso desestruturou a paisagem rural em vários locais. E ninguém está fazendo irrigação ou usando a água para produzir alimentos, mesmo porque muitos locais no sertão nordestino possuem solos inadequados para a irrigação.
Para atender o mundo rural, a transposição do rio São Francisco precisa ser rediscutida por agrônomos, veterinários, zootecnistas. É possível levar água para os rebanhos, abastecer pequenos açudes e mesmo identificar locais onde a irrigação é viável, com atividades agrícolas mais intensivas, associadas ao uso de energia solar.
Conheça os diversos projetos de transposição do rio São Francisco, discutidos desde o Império de D. Pedro II (década de 1840) no link https://pt.wikipedia.org/wiki/Transposi%C3%A7%C3%A3o_do_rio_S%C3%A3o_Francisco.
Fonte:Terraviva / Foto:Divulgação/Terraviva