E apoia a proposta da área ser o Circuito de Forró Gilberto Gil
Ao percorrer a Baixa dos Sapateiros, da Barroquinha ao Aquidabã, na tarde de sexta-feira (4), a ex-vereadora Aladilce Souza (PCdoB) constatou, horrorizada, o abandono da área, uma das mais tradicionais do comércio local. “O esvaziamento dessa região histórica de Salvador, cantada em verso e prosa, é estarrecedor e demonstra a falta de interesse da gestão municipal na sua revitalização”, lamentou, assumindo com comerciantes, trabalhadores e frequentadores o compromisso de lutar, em seu quinto mandato na Câmara Municipal, por incentivos para dinamizar tanto o comércio quanto a cultura no Centro Histórico. “A prefeitura pode baixar o valor da TFF, pode baixar o valor da IPTU, pode fazer muitas coisas, pode fazer incentivos como faz para grandes empresas”, sugeriu.
Ao lado do produtor cultural Geraldo Badá, que escolheu a Baixa dos Sapateiros para morar, Aladilce percorreu lojas e os terminais do Aquidabã e Barroquinha, ouvindo a comunidade para traçar soluções possíveis para a revitalização da área. O proprietário de um bar e restaurante, exibindo todas as mesas e cadeiras vazias, fez questão de mostrar recibo da Taxa de Fiscalização e Funcionamento (TFF) no valor de R$2 mil. “O IPTU é outro absurdo. Com todos esses gastos estou pagando para manter meu bar aberto”, disse ele, pedindo para não ser identificado.
Caixotes
“Dá uma tristeza andar por aqui e ver tantas lojas fechadas, as cobranças absurdas que a prefeitura faz de TFF, de PTU, e o abandono de áreas importantes, simbólicas da cidade. A Baixa do Sapateiro já teve um comércio muito efervescente e já foi uma zona cultural também, com três cinemas importantes (Tupy, Jandaia e Pax). Então, é preciso que a prefeitura e a Câmara Municipal olhem para toda essa região e discutam a melhor proposta de revitalização, ouvindo a comunidade”, defendeu Aladilce.
Indignada com a situação de abandono da praça que substituiu o antigo Terminal do Aquidabã, projetado pelo renomado arquiteto e urbanista João Filgueiras, o popular Lelé, ela desabafou: “Os quiosques foram trocados por verdadeiros caixotes e muitos estão fechados, a área não tem mais cobertura nem banheiros, a manutenção é precária, certamente para afastar as pessoas em situação de vulnerabilidade”.
Pelo terminal já circularam 250 ônibus por hora e hoje passam, no máximo, 40. Diante deste quadro, Aladilce observou que qualquer projeto de revitalização passa, inevitavelmente, pela reativação de linhas de ônibus. “A prefeitura retirou 130 linhas e esta é uma queixa que estamos ouvindo em toda a cidade. Se o transporte não chega aqui, não tem funcionamento de lojas, não tem desenvolvimento do comércio. Porque transporte induz desenvolvimento. Então o transporte é fundamental”, declarou.
Circuito do Forró – A ex-vereadora, autora da Lei da Zabumba e da lei que instituiu o Circuito Riachão, no bairro do Garcia, apoiou a proposta de Geraldo Badá de transformar a Baixa dos Sapateiros no Circuito do Forró Gilberto Gil. “Badá é uma figura da cultura, um produtor cultural importante nessa cidade, que se preocupa com as nossas raízes culturais e é um defensor dessa área. É preciso revitalizar a Baixa dos Sapateiros não só do ponto de vista do seu comércio, mas também da sua vocação cultural”, enfatizou.
Fotos: Filipe Roseira