Algodão: Abapa reduz estimativa de produção no Brasil; produtores da Bahia também sofreram reflexo

Condições climáticas adversas na maioria dos estados produtores de algodão impactaram nas estimativas para o ciclo 21/22 no Brasil

Condições climáticas marcadas por seca na maioria dos estados produtores de algodão – dentre os quais a Bahia, segundo maior produtor nacional da commodity -, e mesmo geadas inéditas em outros, como o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul, impactaram na estimativa de produção e produtividade da fibra para o ciclo 2021/2022 no Brasil.

Na Bahia, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) reduziu em 12% o número previsto inicialmente, e espera colher 522,5 mil toneladas de algodão beneficiado (pluma), contra as anteriormente projetadas 588,4 mil toneladas.

A produtividade média no estado deve ficar em 275 arrobas por hectare (o equivalente a 1.700 quilos de pluma/ha), ante as 311 arrobas por hectare, apuradas em levantamento prévio.

Na safra em curso, a Bahia plantou 309 mil hectares com a cultura, sendo 303 mil hectares na região Oeste e 5,9 mil hectares na Sudoeste.

Até agora, o estado já colheu em torno de 20% do algodão plantado. Os números baianos foram apresentados pela Abapa, durante a 67 reunião da Câmara Setorial do Algodão e Derivados do Mapa, realizada na Ilha de Comandatuba, em Ilhéus/BA, no dia 24 de junho, como parte da programação do evento anual da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea).

No encontro, que reúne os líderes da cadeia produtiva da commodity, foi divulgado que a produção nacional de algodão deve ficar em cerca de 2,6 milhões de toneladas de pluma, contra os 2,8 milhões previamente projetados.

“Na Bahia, o principal problema foi a ausência de chuvas no final do ciclo, em especial, nos municípios de Jaborandi, Correntina e parte de São Desidério”, explica o presidente da Abapa, Luiz Carlos Bergamaschi.

Ele diz que, apesar da distribuição irregular de chuvas ter prejudicado alguns municípios, nos demais, a oferta foi consistente, “o que, aliado à irrigação, ajudou a suportar um pouco a média de produtividade”. No estado, a o regime de sequeiro é predominante, e soma 258,4 mil hectares, contra 50,5 mil hectares sob irrigação. Até o momento, a colheita na Bahia está em torno de 20%.

Na ocasião, Bergamaschi também reportou as suas impressões sobre a mais recente missão internacional de promoção do algodão brasileiro na Ásia, a Missão Vendedores, que leva os produtores nacionais para conhecer o maior mercado global da fibra. Na edição de junho de 2022, os países visitados foram Indonésia, Tailândia e Bangladesh, onde os produtores brasileiros conheceram indústrias, empresários locais e participaram dos eventos realizados pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), via Cotton Brazil, nestes locais.

“Merece um grande destaque o quanto somos conhecidos e respeitados em mercados como a Indonésia, país em que o algodão brasileiro, em algumas empresas, representa 100% do consumo, durante quase todo o ano”, disse Bergamaschi.

Sobre Bangladesh, o presidente da Abapa diz acreditar que o Brasil tem um grande potencial para avançar neste mercado. “Nossa participação ainda é pequena, e há muito o que trabalhar neste sentido, já que estamos falando do segundo maior importador mundial”. Ele concluiu dizendo que os elogios ao algodão brasileiro e ao Brasil como origem superaram em muito as reclamações, que foram pontuais.

Fonte:Canal Rural / Foto:Reprodução