O Coletivo Nacional de Organização do Povo Negro (Connegro) surgiu no ano de 2017 tendo como principal bandeira apresentar à esfera pública as demandas do povo negro da capital baiana, estabelecendo diálogo com os mais diversos setores políticos e sociais. “Uma entidade apartidária”, assim se define o grupo, que tem como presidente o ex-líder estudantil, Nestor Neto.
“Entendemos que é mais que necessário ter uma abertura, um espaço, um campo, que possa abrigar aos anseios de vários grupos e várias tendências, que talvez não tivessem esse espaço. A Connegro surge com esse sentimento. Uma entidade plural que não exige ficha de filiação partidária, que não tendencia se você é de direita ou de esquerda. O foco do nosso debate é: aonde está o negro? Ele é engenheiro, ele é advogado, ele político, ele é empresário?”, explica Neto.
De acordo com Nestor a principal diferença do grupo, em relação às outras entidades que também militam em prol do povo negro, é, segundo ele, a capacidade de sentar com os diferentes. “A Connegro tem essa capacidade. Às vezes, algumas entidades históricas, que nós respeitamos, como o Coletivo de Entidades Negras (Conen) e a União de Negros pela Igualdade (Unegro), tem dificuldade de sentar com o diferente. Já nós, não. Sentamos com partidos de esquerda, de direita, com negro sem partido, com o negro que faz política pública também com aquele que, por esta desinformado, não faz. Nós consideramos todos importantes. A Connegro não se fechou, não se tendenciou e não se limitou às correntes ideológicas do partidos de esquerda ou direita. Discutimos a comunidade de um modo geral.”
Questionado sobre os rumos do movimento, sobretudo, no que tange às próximas eleições municipais, o presidente ressaltou a importância de se potencializar as candidaturas negras: “A cidade mais negra fora da África nunca teve um prefeito eleito negro. Tivemos um biônico que foi Edvaldo Brito. Nós temos uma Câmara de Vereadores com menos de 5% de representação negra. Entendemos que a única forma de se ter um processo e reparação é que os partidos políticos compreendam que tem que dar espaço ao negro empoderando essas candidaturas”.