Apple atinge US$ 3 trilhões em valor de mercado, mais que toda a economia do Brasil

Montante é maior do que todo o mercado de ações alemão. Entenda como a fabricante do iPhone se tornou a empresa mais valiosa do mundo

NOVA YORK — Depois de uma corrida de décadas como uma das ações de melhor desempenho do mundo, a Apple atingiu US$ 3 trilhões em valor de mercado, o equivalente a pouco mais de R$ 17 trilhões nesta segunda-feira.

Esse valor é mais que o dobro do tamanho do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, calculado pelo IBGE em 2020 em R$ 7,5 trilhões. Ou maior que a economia do Reino Unido. Ou ainda mais do que valem juntas as empresas alemãs listadas na Bolsa de Frankfurt.

As ações da gigante de tecnologia chegaram a US$ 182,88 no meio do pregão, um novo recorde, no primeiro dia de negociações de 2022.

A fabricante do iPhone é a primeira empresa a atingir a marca, menos de quatro anos depois de ultrapassar US$ 1 trilhão.

“É uma conquista fenomenal e destaca o domínio incrível das empresas de tecnologia dos EUA”, disse Craig Erlam, analista de mercado sênior da Oanda.

“E ainda há muito por vir da Apple, o que faz você se perguntar qual marco eles passarão em seguida e o quão grande eles podem se tornar”.

Como a maçã se tornou o negócio mais valioso do mundo?

A Apple se tornou o negócio mais valioso do mundo graças a um fluxo constante de produtos que cativaram os consumidores.

Agora, com os mercados vacilando devido à preocupação de que taxas de juros mais altas e o coronavírus prejudiquem o crescimento econômico, os investidores veem a empresa como um lugar relativamente seguro para aplicar seu dinheiro, graças ao crescimento consistente das vendas e ao grande saldo em caixa.

Esses ventos favoráveis ajudaram os investidores a deixarem para trás os riscos potenciais da pandemia, como a falta de chips, o que levou a Apple a fechar suas lojas em Nova York.

Os papéis da empresa subiram mais de 200% desde que a Covid mergulhou o  mundo  em um lockdown no início de 2020 e ressaltou a importância da tecnologia para o trabalho, educação, entretenimento e para se mangter conectado.

Desde o fim da década de 1990, as ações da Apple tiveram um retorno impressionante de 22.000%, equivalente a cerca de 28% ao ano.

O S&P 500, um dos principais índices do mercado acionário americano, retornou 7,5% ao ano no mesmo período.

Algumas outras ações de tecnologia tiveram um desempenho melhor que a da Apple desde a década de 1990.

A Nvidia Corp., fabricante de chips de processamento gráfico, teve um retorno de 31% ao ano, enquanto a gigante de streaming Netflix subiu 39% ao ano desde sua oferta pública inicial (IPO) de 2002 — mas a Apple supera os dois em tamanho.

Empresa ainda tem futuro promissor

Katy Huberty, analista do Morgan Stanley, argumenta que as ações estão subvalorizadas quando se considera as contribuições de receita esperadas nos próximos anos com novos produtos, como realidade aumentada e virtual e veículos autônomos.

“A Apple deve se beneficiar de um vôo para a qualidade, especialmente à medida que as vantagens de novas categorias de produtos são precificadas”, disse Katy.

Nem sempre foi assim: no fim de 2000, a Apple tinha um valor de mercado de apenas US$ 4,5 bilhões e os investidores estavam fugindo das ações, que eram negociadas por quase o valor do dinheiro que a empresa tinha no banco.

O cofundador Steve Jobs havia retornado ao leme em 1997, mas não conseguiu reviver sua fortuna, e o iPod e o iPhone ainda estavam desligados no futuro.

Agora, suas ações receberam outro impulso com um relatório recente do Nikkei, de que a empresa pediu aos fornecedores que aumentassem a produção do iPhone de novembro a janeiro.

Isso aconteceu uma semana depois que um artigo da Bloomberg News informou que a demanda pelo iPhone estava diminuindo.

A Apple “está naquele ponto ideal de não ser muito cara, ter uma boa combinação de produtos e serviços e ser uma grande inovadora em toda a sua linha de produtos”, disse Tim Ghriskey, estrategista sênior de portfólio da Ingalls & Snyder.

Fonte: Globo.Com / Foto: GONZALO FUENTES / REUTERS