Como a mulher, em um contexto de relações de gênero patriarcais, vivencia, reproduz, contesta ou subverte o poder? Quem tentou uma resposta para esta questão foi a historiadora Silvana Oliveira Souza, autora do livro Amabília Almeida – Mulher e Política, que será lançado nesta quarta-feira (30), no Saguão Nestor Duarte da Assembleia Legislativa (ALBA), às 16h30.
“Nessa perspectiva, a participação de Amabília Almeida nos espaços de poder constituiu um objetivo específico para articular essas reflexões, pois o fortalecimento da população feminina na arena política tem o potencial de transformar as sociedades”, explica a autora. De acordo com ela, Amabília teve papel relevante no surgimento de políticas e leis centradas nos interesses femininos, das crianças e da família.
A obra é resultado da tese de mestrado em Estudos Interdisciplinares sobre Relações de Gênero pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) de Silvana. O trabalho parte da história de Amabília Almeida, educadora, vereadora e deputada estadual constituinte nos anos 80 para analisar a atuação feminina no âmbito do poder.
O livro, diz Silvana proporciona ao leitor “adentrar na trajetória dessa personagem que se identifica com o feminismo socialista e que tanto nos marcou com seu comprometimento na educação, seu envolvimento coerente em prol dos direitos das mulheres no cenário político, e seu empreendedorismo na vida, num período onde suas asas ousaram novos, voos mesmo quando suas raízes teimavam em mantê-la presa ao solo”.A obra foi editada em três capítulos, nos quais a autora aos questionamentos propostos por ela mesma. No início, Silvana estabelece o contexto histórico desde 1929, quando Amabília nasceu em Jacobina, ano da maior crise econômica mundial com inúmeras transformações no contexto político-social, como se construiu a consciência de gênero, até a sua chegada a Salvador.
A passagem de uma consciência de gênero para a construção de uma “consciência feminista de gênero” é o tema do segundo capítulo. Amabília passa a atuar nos movimentos de mulheres, a partir da década de 50, passando pelo afastamento compulsório do serviço público após o golpe de 64, suas lutas e resistências ao regime militar.
No terceiro capítulo, a autora apresenta a atuação de Amabília na política partidária, em princípio como vereadora, depois como deputada, sempre articulando seu mandato com as políticas de gênero. Sobre a Constituinte de 1989, Silvana discute as as proposições apresentadas por Amabília, além dos projetos e emendas acerca dos direitos das mulheres, tendo atuação de destaque no exercício do seu mandato.