Associação pede inclusão de autistas na lista de prioridade para vacinação contra Covid-19

A celebração do Dia Mundial de Conscientização do Autismo, neste 2 de abril, será marcada pelo pedido especial para inclusão da categoria na lista de prioridade da vacina contra a Covid-19. O reforço é feito em Salvador pelo vice-presidente da Associação de Amigos do Autista da Bahia (AMA-BA), Leonardo Martinez, ao falar das dificuldades enfrentadas por esse público durante a pandemia.

Martinez afirma que o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma condição de saúde que causa um déficit na comunicação social e no comportamento, e, por causa dessa dificuldade, as pessoas com autismo correm mais risco de se contaminar com a Covid-19 e partirem direto para um tratamento mais invasivo, já que eles não aceitariam certos tipos de tratamento, como o catéter nasal. 

“Nós (pessoas que não possuem o espectro) temos todo um passo a passo se pegarmos a doença. Primeiro ficamos em casa, depois, se precisar, vamos para o hospital, então usamos um cateter nasal ou uma máscara de alto fluxo e vai evoluindo para algo mais invasivo. A pessoa com autismo não permite o cateter nasal, por exemplo, por isso eles precisam ser sedados e, consequentemente, partem para um tratamento mais invasivo. Por isso que pedimos prioridade na vacinação”, afirma Leonardo Martinez. 

Ele diz esperar que os colaboradores e profissionais da AMA, que também não foram vacinados, sejam contemplados quando os trabalhadores da educação começarem a receber as doses. Assim, a associação poderá retomar os atendimentos com mais segurança para a equipe. 

“No Dia Mundial do Autismo, nós temos duas grandes lutas: a vacinação dos autistas como grupo prioritário e a segunda demanda é vacinar a equipe da AMA, que está vinculada à educação, para retomarmos nossas atividades o mais breve possível”, reforça.

Atendimento da AMA na pandemia da Covid-19

Durante a pandemia, o atendimento dos assistidos pela AMA é feito de forma telepresencial, com atividades que são enviadas aos pais que possuem recursos tecnológicos. Para quem não tem acesso à internet, a associação tem prestado essa assistência presencialmente, tomando todos os cuidados para evitar a disseminação da Covid-19. A entidade atende gratuitamente 250 famílias no quadro fixo e realiza diversos atendimentos por ano.

A Bahia tem mais de 220 mil pessoas com autismo, sendo 45 mil delas de Salvador, segundo estimativa do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), que faz o cálculo com base na população de cada localidade. Os números nacioais serão apresentados no próximo censo.

“A família vai à sede pegar a atividade e depois devolve. Em alguns casos específicos, em que o assistido tenha muita dificuldade, marcamos para a família ir individualmente na sede, com muito cuidado porque se eles pegarem é muito complicado, já que eles não têm noção dos cuidados que devem ser tomados contra a doença”, explica Leonardo Martinez. 

A AMA recebeu da prefeitura de Salvador um terreno para a construção da sede própria, o que poderá ampliar o atendimento para 800 famílias, estima Martinez.