Em tempos de pandemia o testemunho da atleta amadora de Triathlon, Mariana Cravo, 33 anos, pode servir de exemplo de força de vontade para aqueles que relutam em iniciar o hábito da atividade física. Mãe de dois filhos, Mariana chegou a engordar 16 kg após a segunda gravidez. Hoje, participando de competições, a atleta conta como “começou a canalizar a tristezas da vida pessoal ao esporte”.
Confira:
“O esporte teve início na minha vida desde cedo. Minha mãe e o meu pai sempre estimulavam a mim e ao meu irmão na prática de algum esporte. Já fiz capoeira, natação, ginástica olímpica, jazz. Já na minha fase de adolescência eu comecei a fazer musculação e cheguei a praticar boxe durante um tempo. Nunca me preocupei com a alimentação, comia o que tinha vontade.
2012 me casei e um ano depois veio o meu primeiro filho. Eu já estava com 27 anos, acabei deixando de lado o esporte e passei a me dedicar a minha nova vida e rotina. Com isso fui ganhando peso, aumentei 10kg do meu peso normal e veio em consequência uma insatisfação comigo mesma.
Após 2 anos veio a minha segunda filha, e nessa gravidez cheguei a ganhar 16kg. Logo após o nascimento dela eu decidi que precisava me cuidar, se eu continuasse no ritmo que estava seria um caminho sem volta. Muito provavelmente iria ganhar cada vez mais peso e seria cada vez mais difícil conseguir recuperar.
Meu irmão que já vinha seguindo um processo de reeducação alimentar, me apresentou a um nutricionista desportivo, Jonathan Merlo, ao Mahamudra e também me levou para academia onde conheci o Cleber Miranda por quem passei a ser acompanhada. Em menos de um ano eu já tinha perdido os meus 26kg e atingido uma boa qualidade de vida.
Em outubro de 2018 comecei a canalizar a tristezas da vida pessoal ao esporte, treinava com força e intensidade, participei de competições que o Mahamudra fazia entre seus alunos e sempre obtinha bons resultados chegando a ganhar algumas.
Como o Mahamudra tem em uma das suas práticas a corrida, comecei a gostar dessa prática.
Uma amiga, Mércia Peixinho percebendo no meu estilo, raça e força acreditou, que eu tinha o perfil para o Triátlon, que ela mesmo pratica. Me perguntou porque que eu não participava da ultima etapa do campeonato baiano daquele ano no revezamento, já que o triatlo é a junção de três modalidades, natação, bicicleta e corrida.
Fiquei com aquilo martelando na minha cabeça, já tinha curiosidade sobre o esporte. Então convidei duas amigas, Caren Verde e Maria Brito. No dia 2/12 participamos da competição, Maria nadou 750m, Caren pedalou 20 km e eu corri 5km. Ganhamos em primeiro lugar.
Enquanto assistia a prova e ficava aguardando as minhas amigas realizarem a parte delas eu fiquei ao lado do treinador Rafael Peralva. Ate aquele dia eu não o conhecia, já tinha escutado falar mais não sabia quem era.
No tempo ao lado dele a minha curiosidade sobre o esporte aumentou, ver aquele galego gritar, sofrer, vibrar pelos seus alunos como se fosse ele que estivesse ali participando, eu nunca tinha visto ou sentindo aquela energia.
Uma semana após a prova eu estava no porto da Barra para a minha primeira aula na Assessoria Rafael Peralva, saí da minha aula experimental com a certeza que era o esporte que eu teria para a minha vida.
E chega o ano de 2019! Um ano de grandes mudanças, onde eu me dediquei muito e concentrei no esporte, buscando a melhorar como pessoa, como mãe e principalmente a melhorar meu conhecimento interior.
Cheguei tímida na Assessoria só tinha a ambição de fazer a ultima etapa do campeonato baiano de triátlon dessa vez sozinha, em dezembro, e fui dizer isso ao meu treinador Peralva o que eu queria para aquele ano, os meus objetivos e ele olhou para mim e disse: “Neguinha, em maio você já estará fazendo a primeira etapa.” Eu nem acreditei! E não é que eu fiz? E ainda fiquei em 2º lugar na minha categoria. Após a prova pensei, será que sou boa mesmo? Será que consigo ir além? Só fui me instigando e me apaixonando mais e mais pelo esporte. Cada treino, cada novo amigo conquistado, cada batalha da vida sendo vencida de uma forma mais leve, fui amadurecendo e descobrindo o que eu queria para mim, qual era o meu propósito, de onde vinha minha força, minha energia mental que não me deixa desistir e faz a minha vontade de me superar aumentar mais e mais.
Naquele ano Peralva desafiou os seus alunos para ir de bike para Aracaju, 280 km e no dia 28/09 participei do desafio ao lado dos novos e velhos amigos. Muitos disseram que eu era louca, que eu não deveria fazer, que tinha pouco tempo no esporte e já me aventurando desse jeito… Mesmo assim escutei a minha mente e meu coração. Sabia da minha capacidade e tinha certeza que iria conseguir.
Foram 11horas pedalando, cheguei feliz pela minha superação. Fui a única mulher da assessoria a enfrentar o desafio! Representei todas muito bem! Cheguei ao lado de um grande amigo em Aracaju Jonathan Merlo, do meu treinador Peralva de grandes amigos que fiz na assessoria, Peixinho, Serginho, Victor, Fabio, Tony, Flavinho, Leo Ciclista, Dimi e Matheus. O que eu pensava enquanto realizava o meu caminho até Aracaju? Gratidão por estar vivendo aquele momento, pela minha saúde e principalmente, gratidão por ter me redescoberto no caminho do esporte. Não pensei em desistir, acho que nem sei o que é isso.
Logo após o grande desafio que foi ao pedal a Aracaju, realizei duas provas de meia maratona 21km como treino para a minha prova de meia distância.
Um mês depois realizei minha primeira prova de meia distância o Challenge, onde nadei 2.800 km, pedalei 90km e corri 21km, tendo um resultado que nem eu imaginava, 2º lugar da minha categoria. Uma prova de 6hrs, o dia foi considerado um dos mais quentes em Salvador e nada diferente passava na minha cabeça a não ser Gratidão, não pensei em nenhum momento em desistir.
O esporte entrou na minha vida como uma válvula de escape, o único momento do meu dia que eu não pensava em nada e em ninguém, somente em mim. Passei ser prioridade. Se eu estivesse bem, meus filhos também estariam. Eu seria melhor para eles!
Muitos me perguntam o que eu penso quando estou executando meus treinos. Verdade é que eu não penso, minha cabeça fica vazia, só enxergo o caminho que preciso percorrer. Muitas vezes me concentro nas palavras ditas pelo galego antes de iniciarmos os treinos e procuro dar o meu melhor, levando o meu corpo ao meu limite.
A minha competição é comigo mesma, quero provar para mim que posso tudo o que quero, que a minha força, vontade e determinação são a minha essência e só dependem de mim.
Aonde vou parar? Não sei. Só sei que sou grata ao esporte e a qualidade de vida que ele me proporciona. Hoje tenho boa saúde física, mente fortalecida, amigos e família. Isso basta para preencher a minha felicidade. A vida é uma guerra diária e a nossa evolução é eterna, só estou em busca do meu propósito de vida e não pararei mais. Gratidão eterna!”