A Comissão de Associações e Cooperativas do Interior do Município de Sento-Sé em parceria com as Frentes Parlamentares Ambientalistas Nacional e Estadual promoveu nesta quarta-feira (06) uma Audiência Pública para discutir o projeto de formação do Parque Nacional Boqueirão da Onça. O encontro ocorreu na Câmara Municipal e reuniu centenas de pessoas do poder público, de entidades organizadas, da sociedade civil e moradores do entorno.
“Estamos aqui para discutir a questão mais importante na criação de uma Unidade de Conservação, a participação das comunidades tradicionais e os povos originários. Não Tem como discutir a questão ambiental separada das pessoas que vivem no lugar. Não podemos criar uma unidade de conservação, um empreendimento no território dessas pessoas, sem seguir o que está previsto na legislação brasileira” destacou o Coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista da Bahia, Deputado Estadual Marcelino Galo, na sua fala de abertura da reunião.
Principal articuladora da Audiência, Mariluze Amaral, apresentou em sua fala inúmeras necessidades, consideradas imprescindíveis, que não foram cumpridas na formação do Parna. “São 3 anos desde o decreto que instituiu a Unidade de Conservação, e essa é a primeira vez que a população está sendo ouvida em relação ao Parque Nacional Boqueirão da Onça. Então hoje nosso objetivo é nos fazer ouvir e sermos respeitados. Mostrar que Sento-Sé tem gente, tem donos, e somos todos nós”, destacou a articuladora.
Dando seguimento a Audiência representantes de várias entidades organizadas usaram a palavra para expressar suas considerações acerca da formação do Parna. “Diante do que ouvimos na fala da professora Mariluze, só nos resta agradecer o empenho na defesa da causa de tonos nós. Sobradinho é um município irmão e vizinho de Sento-Sé e também vive o sofrimento dessa arbitrariedade, então estamos juntos nessa luta”, declarou o representante da Comperclas Vale do São Francisco, João Batista Lourenço da Silva. O pesquisador, Celino Kertering, que esteve representando a Comissão Pastoral da Terra na Audiência fez questão de abordar em sua fala a riqueza histórica existente em Sento-Sé. “Temos aqui em Sento-Sé o maior patrimônio arqueológico do Brasil, o que falta sobre ele é divulgação, então aproveito esse momento para relembrar a importante história dessa região. Só tem um jeito de confrontarmos esse bombardeio colonialista, assumindo o jeito de viver, de resistir indígena, mostrando a nossa cara, honrando o espírito da indígena indomável, Brásida”, ressaltou o pesquisador.
A procuradora municipal de Sento-Sé, Ellen Eloi, participou do evento representando a prefeita Ana Passos, que não compareceu devido a uma agenda inadiável na capital do estado em busca de melhorias para o município, e ressaltou o interesse municipal em rever a formação do Parque Boqueirão da Onça. “Hoje estamos aqui reunidos com as frentes parlamentares, com representantes da comunidades que foram atingidas e com todo o povo interessado para abrir uma discussão sobre a possibilidade de dar novos contornos as poligonais do Parque Boqueirão da Onça que foi criado através do Decreto Federal Nº 9.336 de 2018, pelo então presidente, Michel Temer. Este Parque atinge em média 48% do território do nosso município, por ser um Decreto Federal não cabe ao município discutir sobre esse assunto, mas a gestão municipal entende e se sensibiliza com a situação, pois temos vidas nessas comunidades e a gestão representa esse povo. Então queremos deixar claro que todas as demandas, excessos e equívocos que estão sendo cometidos serão levados pela gestão municipal ao Governo Federal para que haja uma discussão adequada desse assunto. Todo aparato municipal, do poder executivo, está disponível às comunidades atingidas”, afirmou a procuradora.
De acordo com Mariluze Amaral, após a realização da Audiência os próximos passos serão: “Ir as comunidades para construir as proposições e encaminhamentos, coleta de assinaturas, criar a Comissão da Câmara de Meio Ambiente e Turismo, a Frente Parlamentar Municipal e entregar para os diversos órgãos com os apoios que conseguimos”. Acrescentou a articuladora.
De acordo com Mariluze Amaral, após a realização da Audiência os próximos passos serão: “Ir as comunidades para construir as proposições e encaminhamentos, coleta de assinaturas, criar a Comissão da Câmara de Meio Ambiente e Turismo, e a Frente Parlamentar Municipal para em seguida entregar para os diversos órgãos com os apoios que conseguimos”. Acrescentou a articuladora.