“Bolsonaro apostou na imunidade de rebanho”, afirma Otto Alencar

Médico e integrante da CPI da Covid, o senador Otto Alencar (PSD-BA) afirmou que os sucessivos entraves para a compra de vacinas evidenciam que o presidente Jair Bolsonaro apostou na tese da imunidade de rebanho, em que a criação de defesas naturais em um elevado número de contaminados reduziria a circulação do vírus.

Ainda segundo Otto, o governo federal atuou com “irresponsabilidade criminosa” ao insistir na recomendação de medicamentos ineficazes, como a cloroquina, no tratamento da Covid-19.

“Tudo indica que Bolsonaro jogou com essa possibilidade da imunidade de rebanho, que é uma coisa criminosa. Por isso, ele descartou a vacina no ano passado, ironizou a CoronaVac, criou dificuldades diplomáticas com a China e apostou em medicações que não foram comprovadas, que não tinham nenhum efeito relacionado à doença. O depoimento de Dimas Covas, do Butantan, mostrou que a prioridade do governo federal e do Ministério da Saúde na gestão (do ex-ministro Eduardo) Pazuello nunca foi vacinar”, disse o senador em entrevista ao O Globo.

“Se ele não queria a vacina lá no ano passado, e a vacinação poderia ter começado em dezembro, é porque esperava que houvesse imunidade e rebanho. Eu tenho a gravação do presidente da República dizendo no final do ano passado que o vírus estava indo embora, porque as pessoas estavam imunizadas. São várias gravações nesse sentido”, completou.

Foto: Jefferson Rudy / Agência O Globo