Centro vê ‘derretimento’ de Bolsonaro para as eleições em 2022

A pesquisa do instituto Ipec divulgada pelo jornal Estado de S.Paulo indica o desafio para a viabilização de uma terceira via que seja alternativa ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao presidente Jair Bolsonaro. Os partidos que dizem se opor aos dois candidatos mais bem colocados no levantamento apostam agora em um “derretimento” ainda maior de Bolsonaro – por essa avaliação, apenas o petista tem potencialmente vaga assegurada em um eventual segundo turno.

O Ipec mostrou que apenas 13% do eleitorado rejeita votar tanto em Lula quanto em Bolsonaro. Esses eleitores se distribuem entre os que hoje se mostram inclinados a votar em Ciro, Doria e Mandetta. A soma das intenções de voto no ex-presidente e no atual é de 72% – ou seja, quase três em cada quatro brasileiros têm como preferido um dos polos da disputa. São números que mostram pouco espaço para uma candidatura alternativa, ao menos neste momento.

O reforço da polarização também vem sendo apontado por especialistas. “A alternativa de centro – legítima, por natureza – não se consolidou até agora. A soma de preferência dos nomes de centro – Ciro, Doria, Mandetta – não chega aos 23% de Bolsonaro; ou seja, os dados dessa última pesquisa cravam a polarização entre Lula e Bolsonaro”, disse o cientista político José Álvaro Moisés, professor da USP.

Todos os políticos do chamado centro ouvidos pelo Estadão têm a mesma aposta na queda da popularidade de Bolsonaro. “Hoje, as pessoas têm a percepção de que apenas Lula é a alternativa de oposição a Bolsonaro. À medida em que essa candidatura de terceira via ficar clara, esse apoio vai migrar do Lula”, alega o presidente do PSD, Gilberto Kassab, que quer filiar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para concorrer à Presidência. Hoje sem partido, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (RJ) diz que “cabe alguém no lugar de Bolsonaro no segundo turno”.

“A pesquisa pressiona quem está em dúvida a defender o impeachment de Bolsonaro e também pela unidade em torno do pedido. Também diminui a base de sustentação do presidente”, avaliou o presidente do Cidadania, Roberto Freire.

Estadão Conteúdo