CNA pede R$ 21,8 bilhões para equalização de juros no Plano Safra 22/23

A CNA propõe, ainda, que as taxas de juros dos contratos de crédito rural do novo Plano Safra fiquem abaixo de dois dígitos

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) entregou, nesta terça-feira (17), ao Ministério da Agricultura (Mapa) e à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) as propostas do setor para contribuir com o governo na construção do Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2022/2023.

CNA-plano-safra

Foto: Divulgação/Canal Rural

O material foi entregue ao secretário de Política Agrícola do Mapa, Guilherme Bastos, e ao presidente da FPA, deputado Sergio Souza, na sede da CNA, em Brasília.

Na lista de proposições prioritárias da CNA estão: R$ 21,8 bilhões para equalização de juros; taxas de juros abaixo de dois dígitos; redução do percentual de recolhimento compulsório sobre depósitos de poupança; elevação da exigibilidade de recursos dos depósitos à vista (30%), poupança rural (64%) e Letra de Crédito do Agronegócio (50%) e regulamentação do Fundo de Catástrofe.

Ainda na lista das 10 prioridades, a entidade propõe R$ 1,5 bilhão de orçamento para o seguro rural em 2022 e R$ 2 bilhões em 2023; regulação prudencial sobre a carteira de crédito; adequação de custos administrativos e tributários das instituições financeiras; aprimoramento das análises de riscos dos produtores; cumprimento do cronograma de aplicação dos programas de investimento.

A principal proposta é a equalização dos juros, com a ampliação, de R$ 13 bilhões para R$ 21,8 bilhões, do orçamento para a subvenção das operações de crédito. Este volume representa um aumento de 67,8% em relação à safra 2021/2022, com um incremento de R$ 8,8 bilhões, que traria benefícios no curto e no longo prazo à economia e à população.

“O crescimento de R$ 8,8 bilhões nos valores de subvenção às operações de crédito rural gera impactos positivos no mercado de trabalho (emprego/renda), no consumo das famílias, nas exportações, na arrecadação, no PIB e na produção setorial. Tem-se como desdobramento aumento na produtividade da terra e do trabalho que geram aumento na oferta de alimentos, contribuindo para melhor equilíbrio de preços aos consumidores”, diz um trecho do documento.

No curto prazo, por exemplo, a avaliação da entidade é de que, com mais recursos para a equalização dos juros, os resultados em um ano serão a criação de mais de 202 mil postos de trabalho, o equivalente a 7,3% do total de vagas formais de trabalho abertas em 2021. A CNA também projeta uma queda de 0,46% no preço dos alimentos no período em razão do aumento da produção.

A CNA também estima no período de um ano, com o volume a mais de R$ 8,8 bilhões, um incremento de R$ 16,5 bilhões no PIB, R$ 9 bilhões no consumo das famílias, R$ 13,3 bilhões em exportações e mais R$ 9 bilhões na produção agropecuária. A CNA propõe, ainda, que as taxas de juros dos contratos de crédito rural fiquem abaixo de dois dígitos, com o intuito de viabilizar aos produtores taxas de financiamento competitivas para continuar a produzir alimentos.

O presidente da CNA, João Martins, ressaltou a importância de favorecer o acesso a alimentos com preços mais acessíveis para toda a população, principalmente os mais pobres. “Fizemos uma proposta para o Plano Safra que beneficia os produtores, sejam eles pequenos, médios e grandes, mas que também trará benefícios para a população brasileira e sustentação para a produção de alimentos para todos, principalmente aos mais carentes”, afirmou.

“Para ter um Plano Safra precisamos de espaço orçamentário. E quem aprova o orçamento no país é o Parlamento. Recebemos a responsabilidade de fazer um Plano Safra mais humano, que tenha a sensibilidade de atender o pequeno produtor, porque é esse produtor que faz com que o alimento chegue à mesa dos cidadãos brasileiros. O espírito da proposta da CNA é essa humanização da produção de alimentos, atendendo não só o produtor rural, mas o consumidor brasileiro”, destacou o deputado Sergio Souza (MDB/PR).

Por Canal Rural