Aumentar a qualidade de uso do tempo está entre as dicas de ouro
Entender e aceitar o processo de envelhecimento é um dos grandes desafios para a sociedade hoje, segundo especialistas e psicólogos que atendem pacientes de faixa etária 65, 70+. Com a proximidade do Dia dos Avós, data comemorada na próxima sexta-feira (26), refletir sobre a saúde mental de idosos traz benefícios para o convívio familiar e para o bem-estar dessas pessoas.
O psicanalista, psicólogo e professor do Curso de Psicologia da Unijorge, Cauan Reis, conta que estamos vivendo mais e questiona se estamos vivendo melhor. “O aumento da expectativa de vida é esperado, considerando o avanço das tecnologias e da ciência. Mas o que muitas famílias e a sociedade não observam é que o público de 65, 70+ acumula demandas ao longo da vida e sofre, muitas vezes, em silêncio”, explica Reis.
De acordo com o professor, sinais e sintomas como tremores, aperto no peito, tentativas de suicídio, autolesão, confusão mental, estão diretamente relacionados a um intenso sofrimento psíquico. Tristeza permanente, irritabilidade, isolamento social, comprometimento de competências e habilidades sociais, silêncio excessivo por longos períodos, limitações físicas, falta de apetite ou alterações fisiológicas, também podem indicar deterioração ou enfraquecimento da saúde mental.
O professor cita algumas estratégias para investir na adaptação e diminuir o sofrimento dos idosos. Atividades ocupacionais, apresentação de opções para o desenvolvimento de habilidades comportamentais, cognitivas, escuta por parte de familiares, e acompanhamento psicológico, terapêutico. “Essas são estratégias que geram muitos e bons efeitos no conforto psicológico de pessoas idosas, mas é importante saber o que estimula cada pessoa, o que a motiva, para que ela possa descobrir ou construir o que gosta, com o que se identifica”, explica.
“Uma paciente minha, artista plástica, disse, entristecida, que não pintava mais porque não conseguia segurar um pincel, agora cuidava das plantas. Após um período em tratamento psicoterapêutico, ela descobriu a possibilidade de pintar novas formas, com novos esquemas de desenho artístico, com novas técnicas construídas por ela, para ela, e continuou cuidando das plantas”, conta o professor.
O professor Cauan Reis separou 4 dicas de ouro para cuidar da saúde mental de pessoas idosas. Confira.
- Conhecer e respeitar gostos e hábitos da pessoa idosa
Conhecer bem a pessoa idosa, ouví-la, saber sobre seus gostos e respeitar seus hábitos, dentro de limites saudáveis, é fundamental para promover o bem-estar.
- Aumentar a qualidade de uso do tempo
É importante propor atividades ocupacionais e dividir o tempo entre essas atividades e a socialização com pessoas da mesma e de diversas faixas etárias, movimentar o corpo e usar a mente, estimular a memória, atividades úteis para exercitar o cérebro e fortalecer os músculos, sempre com acompanhamento profissional em todos os casos.
- Investir em capacitação e autonomia das pessoas idosas
Já afastadas do mercado de trabalho, as pessoas começam a ansiar por meios de produzir vida, muitas vezes, não tendo sentido realização profissional durante os anos de produtividade no trabalho. Aprendendo novas atividades ou atualizando conhecimentos as pessoas idosas podem realizar diversas atividades e se sentirem realizadas também.
- Melhorar as relações interpessoais
A pessoa idosa precisa de acompanhamento, mas também de companhia, cuidado, não somente vigilância e fiscalização. O convívio em família, com amigos, a participação no dia a dia da casa, o contato com outros familiares, tudo isso contribui para o bem-estar e uma vida mais saudável.
Cauan Reis é psicanalista, psicólogo (CRP 03/12349), professor do Curso de Psicologia da Unijorge.
Foto:Pixabay