A guerra de versões do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Polícia Civil sobre a obtenção da planilha que ligou o nome do presidente Jair Bolsonaro a um suspeito do assassinato de Marielle Franco fez com que determinação da Procuradoria-Geral da República de buscar a federalização do caso fosse renovada, afirmam integrantes do órgão ouvidos pela coluna Painel, da Folha de S.Paulo.
O pedido foi feito pela então procuradora-geral da República Raquel Dodge logo no início da apuração e, de acordo com integrantes do Ministério Público Federal, deve voltar a ganhar força agora. Para eles, todas as condições estão dadas para uma mudança de patamar da investigação.
A revelação, pela Folha, de que a Polícia Civil tinha desde novembro do ano passado a planilha que apontava a casa de Bolsonaro como a que autorizou o ingresso de um suspeito de matar Marielle no condomínio em que a família do presidente morava no Rio reforça a tese. A documentação teria sido enviada ao Ministério Público do Rio em março deste ano, mas o órgão disse só ter tido acesso às planilhas no mês passado.
O procedimento aberto pela PGR após o Ministério Público do Rio ter dito que o porteiro que anotou o número da casa de Bolsonaro na planilha do condomínio mentiu, solicitado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, está nas mãos do do procurador Douglas Araújo.
De acordo com investigadores, o procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem, esteve nesta terça (5) com o procurador-geral da República, Augusto Aras. A promotoria se comprometeu a enviar os áudios obtidos na portaria do condomínio de Bolsonaro à análise de autoridades federais.
O pedido de federalização está nas mãos de Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça. Segundo colegas, ela pretende levar o caso a julgamento ainda esse ano.
Fonte: Painel/Folha de São Paulo