A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid ouve nesta quinta-feira, 15, o representante oficial no Brasil da empresa Davati Medical Supply, Cristiano Carvalho. A expectativa é de que ele traga esclarecimentos sobre as negociações da empresa com o Ministério da Saúde e o suposto pedido de propina envolvendo a compra de vacinas da AstraZeneca, relatado pelo policial militar Luiz Paulo Dominghetti Pereira.
A Davati entrou na mira da CPI após Dominghetti, que se apresenta como representante da empresa, ter revelado que, em fevereiro deste ano o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, pediu propina de U$S 1 por vacina em troca da assinatura de um contrato para compra de 400 milhões de doses da AstraZeneca. O ex-diretor nega que tenha pedido propina.
Como mostrou o Estadão, o responsável pela Davati Medical Supply nos Estados Unidos, Herman Cárdenas, disse que o nome de Dominghetti “não é representante ou funcionário” da companhia” e que foi incluído “a pedido” em comunicações com o governo brasileiro sobre oferta de vacinas apresentada pela companhia ao Ministério da Saúde. A AstraZeneca nega que tenha intermediários no Brasil.
Inicialmente a proposta da Davati seria vender 400 milhões de vacinas por U$S 3,50. Em seu depoimento, Dominghetti afirmou aos senadores que relatou o pedido de propina a Cristiano e que não foi dado prosseguimento na negociação. Como pró-labore, Cristiano receberia US$ 0,20 por dose comercializada, enquanto a Dominghetti deveria ser pago de US$ 0,03 a US$ 0,05 a unidade. Dominghetti foi ouvido pela CPI em 1º de julho, depois de citar o pedido de propina em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.
Cristiano Carvalho também deverá ser questionado sobre a presença do reverendo Amilton Gomes nas negociações. Ele teria tido o aval do governo para tratar da compra das 400 milhões de doses da vacina com a empresa. O reverendo também será ouvido pela CPI, em data a ser definida.
A convocação de Cristiano foi solicitada pelo senador Humberto Costa (PT-PE). No requerimento, o parlamentar classificou as denúncias como “gravíssimas” e que “exigem uma investigação imediata.”
Cássia Miranda/Estadão Conteúdo