Deputado bolsonarista revela oferta de R$ 10 milhões em emenda por voto em Lira, “ Bolsolão”.

Deputado federal por Goiânia e ex-líder do PSL, Delegado Waldir revelou a promessa de repasse de R$ 10 milhões no chamado orçamento secreto, em troca do voto favorável a Arthur Lira (PP-AL) no ano passado, na disputa pela eleição da presidência da Câmara.

Em entrevista ao The Intercept Brasil, o bolsonarista afirmou que após chegar ao poder, Lira passou a comandar os repasses das emendas que fazem parte do orçamento paralelo — as chamadas emendas de relator, instrumento criado em 2019 pelo governo Bolsonaro, que não condiciona a transparência nos repasses.

“Ele [o presidente da Câmara, Arthur Lira] tem uma verba nas votações. Hoje, os ministérios não têm mais recursos, quem tem são o Lira e o presidente do Senado [Rodrigo Pacheco, do PSD de Minas Gerais]. Eles são os concentradores da distribuição de emendas extraordinárias [do orçamento secreto], o que os torna superpoderosos”, explica Waldir, que garante não ter recebido a sua parte das emendas por um “racha” no PSL em 2019, em uma briga que envolvia Bolsonaro.

Em uma reunião que foi divulgada à época, o deputado chama o presidente de “vagabundo” e diz que iria “implodir” o seu governo. A crise, inclusive, foi o que motivou a saída de Bolsonaro do partido que o elegeu presidente.

Segundo o parlamentar, as trativas começam com os líderes dos partidos, mas nem todas as votações contam com o artifício. Na votação da reforma do Imposto de Renda, por exemplo, não houve oferta de emendas em troca de votos a favor da agenda do governo, mas se recorda das negociações para aprovação da reforma da Previdência e na própria eleição de Lira.

O Delegado Waldir também negou a tese de que as emendas são resultado da “habilidade” de políticos na negociação dos repasses, mas que são decididos pelos líderes do partido e pelos presidentes da Câmara e do Senado.

“Não, não existe isso. Quem define o valor é o líder. Nessas circunstâncias não é projeto melhor [que decide quem leva recursos]. Não é quem tem o projeto melhor. Quem decide o valor para cada parlamentar é o presidente da Câmara, do Senado e o líder do partido”, resume.

Foto: Sérgio Lima