Desempenho da hotelaria de Salvador apresenta queda intensa em março e abril

Resultados da pandemia são duros para o setor hoteleiro

A hotelaria de Salvador iniciou o ano de 2020 exibindo resultados expressivos. Após quatro anos de divulgação do destino junto aos principais mercados emissores, fruto da parceria entre os setores público e privado, e com a cidade recuperada no que diz respeito aos atrativos e pontos turísticos, a hotelaria e o turismo finalmente vinham colhendo os frutos de um trabalho que buscou recolocar a capital baiana como um dos principais destinos do país.

O desempenho no verão teve taxas médias de ocupação de 70,59% em fevereiro e diárias, finalmente em recuperação, atingindo R$ 358,72. Entre janeiro e fevereiro o novo aeroporto movimentou 1,5 milhão de passageiros, crescendo 3,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Para o turismo e a hotelaria fevereiro 2020 foi realmente o “Carnaval dos Carnavais”.

Apesar da baixa estação, os primeiros 14 dias de março apresentaram relativa normalidade na hotelaria – taxa média de ocupação de 60,47%, diária de R$ 287,78 e Revpar (indicador ponderado de taxa de ocupação e diária média) de R$ 174,04, resultado este melhor ao de igual período de anos anteriores (com exceção de março de 2019, influenciado pelo Carnaval).

“As perspectivas eram promissoras, com muitos feriados indicando melhora no turismo de lazer e com o novo Centro de Convenções atraindo o tão esperado segmento de negócios”, afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (ABIH-BA), Luciano Lopes.

Com o início da pandemia da Covid-19, a partir do dia 15, observou-se a inflexão na curva. O número de passageiros no aeroporto caiu 38% e houve uma queda abrupta da taxa de ocupação, em razão da multiplicação dos cancelamentos das hospedagens. Entre os dias 17 e 28, cerca de 80% da rede hoteleira da cidade encerrou suas atividades.

Dentre os que permaneceram abertos, a média de ocupação nessa segunda quinzena foi de 21,56% e diária média de R$ 201,56. A maioria sendo hotéis com contratos fixos para hospedagem de trabalhadores de empresas de serviços essenciais como companhias aéreas, serviços de saúde, limpeza e assemelhados.

De acordo com o presidente da entidade, a hotelaria foi um dos primeiros setores a sentir os efeitos dessa crise e, provavelmente, será um dos últimos a se recuperar. Dentre os principais motivos que irão dificultar a recuperação do setor estão: Restrições de mobilidade, queda na oferta de vôos, antecipação de férias, feriados durante a pandemia, diminuição da poupança das famílias e sentimento de insegurança. Para completar, a hotelaria  é um setor que possui mão de obra intensiva, que requer razoável investimento patrimonial e altos custos de manutenção.

No mês de abril, os resultados para os hotéis que ainda permanecem abertos, revelam um cenário todavia mais duro, com taxa média de ocupação de 11,23%, diária média de R$ 213,76 e revpar de R$ 23,72.

Segundo a última Pesquisa de Serviços de Hospedagem do IBGE, Salvador possuía, em 2016, a terceira maior rede de hotéis dentre as capitais do país, com 376 estabelecimentos e 17 mil quartos, ficando atrás apenas de São Paulo (1.125 hotéis) e Rio de Janeiro (546). Junto com Porto Seguro (318 hotéis), a capital baiana está entre os maiores parques hoteleiros do país, com importância significativa no emprego e renda locais.

A atual crise representa um dos maiores desafios de sua história e demandará criatividade para enfrentar a nova normalidade pós-pandemia. “A ABIH-BA vêm coordenando medidas imediatas como a negociação com fornecedores, o diálogo com o setor público visando à isenção e postergação de taxas e tributos, e a concepção de novos procedimentos para treinar equipes para a reabertura. Ao fim do isolamento social e das restrições de mobilidade, com duração ainda incerta, será necessária uma intensa campanha para a volta do turismo à capital, em condições excepcionais de segurança, acessibilidade e sustentabilidade”, reforça Luciano Lopes.

Os números divulgados são fruto da Pesquisa Conjuntural de Desempenho (Taxinfo), realizada pela parceria entre a ABIH – seções Bahia e Brasil. A partir do mês de abril, a pesquisa considerou uma base nova de hotéis, apenas dentre os abertos. Os dados são fornecidos diariamente pelos próprios hotéis ao Portal Cesta Competitiva e a média resultante constitui indicador para avaliar a evolução da atividade de hospedagem em nossa capital.

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