Uma droga conhecida como acalabrutinibe, que age como bloqueadora da proteína tirosina quinase de Bruton (BTK) e é utilizada para tratar vários tipos de câncer no sangue, se mostrou benéfica no tratamento de um pequeno grupo de pacientes com Covid-19. A descoberta foi publicada no Science Immunology na última sexta-feira (5) por pesquisadores do Centro de Pesquisa do Câncer do Instituto Nacional do Câncer, nos Estados Unidos.
A BTK desempenha um papel importante no sistema imunológico, pois influencia na produção de proteínas chamadas citocinas, que atuam como mensageiras químicas e ajudam a estimular e direcionar a resposta imune do corpo. Em alguns pacientes com a Covid-19, uma grande quantidade de citocinas é liberada no corpo de uma só vez, fazendo com que o sistema imunológico tenha uma reação exagerada e prejudique o organismo ao invés de ajudá-lo.
O intuito dos pesquisadores era testar a eficácia da droga inibidora da BTK justamente na redução dessa resposta imune hiperativa. Para isso, eles selecionaram 19 pacientes diagnosticados com Covid-19 e que precisaram ficar hospitalizados. Todos apresentaram baixos níveis de oxigênio no sangue e evidências de inflamação no organismo. Entre os voluntários, 11 eram considerados de estado moderado, tendo recebido oxigenação suplementar por dois dias, e oito, mais graves, precisaram ficar ao menos um dia e meio com um respirador.
De acordo com os cientistas, dos 11 pacientes com quadros moderados da Covid-19 que receberam o remédio, oito voltaram a respirar sozinhos e receberam alta após menos de uma semana de tratamento. Já dentre as pessoas com quadros mais graves, quatro conseguiram sair dos ventiladores, dois receberam alta hospitalar e dois acabaram morrendo.
Os especialistas ressaltam que, embora os inibidores da BTK sejam aprovados para tratar certos tipos de câncer, eles não são aprovados para combater o novo coronavírus. O intuito deste estudo é estimular novas pesquisas com a droga.
Revista Galileu