[Editorial] Agronegócio, pandemia e diplomacia…

O agronegócio brasileiro caminha em busca do topo no quesito produção agrícola mundial. Já conquistou o primeiro lugar no que se refere a produção de carne e tem lugar de destaque nas variadas cadeias do agronegócio mundial.

Nem na mente dos mais pessimistas teria passado se quer a ideia da pandemia do Covid-19, porém a doença e seu efeito devastador é uma realidade em todo o mundo. Toda economia mundial será afetada. O Brasil, país de dimensões continentais, que tem a base da sua economia no setor do agronegócio, tem a possibilidade de alimentar sua população e se dar ao luxo de exportar para alimentar parte da população mundial. Fator este que do ponto de vista econômico poderá trazer benefícios para a economia nacional. Um relatório divulgado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) identificou que não houve interrupção de importações de bens agropecuários devido à pandemia da Covid-19.

De acordo com a própria Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a China se manteve na liderança do ranking dos 20 maiores compradores de produtos agropecuários brasileiros em 2019. Mesmo com o pico da pandemia do Covid-19 na China, entre os meses de janeiro e fevereiro, o escritório da CNA em Xangai não identificou interrupção de importações de bens agropecuários. Relatórios apontam que 88% das empresas do setor agrícola já teriam retomado suas atividades no mercado chinês. Todavia, em meio ao caos dos últimos dias, o governo brasileiro vem deslizando no trato diplomático com alguns países em especial com o referido país asiático, este o maior comprador individual do que produzimos no campo.


Lamentável a situação, pois os que estão causando o desconforto diplomático, são exatamente aqueles que deveriam conduzir a política internacional da melhor maneira possível, ajudando o setor da economia brasileira que mais cresce e produz riquezas. Nessa segunda-feira (7), por exemplo, a China divulgou que passará a comprar soja junto ao Estados Unidos, em detrimento da brasileira. A decisão foi motivada após muito disse-me-disse, em redes sociais, protagonizados pelos filhos do presidente e pelo ministro da Educação.

Em entrevista ao Valor Investe, publicada neste domingo (5), a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, garantiu que o agronegócio brasileiro vai sair fortalecido da crise do novo coronavírus. Cristina destacou a oportunidade de conquistar novos mercados para os produtos brasileiros e de aumentar a confiança dos importadores na produção brasileira. Depois da tempestade, vem a bonança. Assim esperamos.