Eleição 2022: Braga Netto tenta se cacifar para ser vice de Bolsonaro na chapa da reeleição

Ala política do governo tem resistências ao nome do militar e atual ministro da Defesa

BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro disse na quarta-feira que já escolheu quem ocupará o posto de vice na chapa que disputará a reeleição em outubro. No entanto, ponderou que só divulgará o nome “na hora certa”, porque se anunciar agora “é só complicação e confusão”. Esse mistério tem impulsionado movimentações políticas em torno do Ministério da Defesa. O titular da pasta, o general da reserva Walter Braga Netto, é um dos principais cotados para estar ao lado do presidente na campanha. Caso isso se concretize, já despontam duas opções para ocupar a cadeira do militar: o general da reserva Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, e o comandante da Marinha, almirante Garnier Santos.

Em mais de uma oportunidade, Bolsonaro já disse que 12 ministros deixarão seus cargos por causa das eleições deste ano. Nessa lista, segundo auxiliares do Palácio do Planalto, está Braga Netto, que conta com a confiança irrestrita do presidente. O chefe do Executivo crê que ter ao seu lado um militar com influência nas Forças Armadas reduz consideravelmente as chances de eventuais pedidos de impeachment prosperarem.

Integrantes do governo dizem que Braga Netto se entusiasmou com a hipótese e tem se articulado para se cacifar como vice. O ministro tem evitado falar sobre o assunto em público, mas reservadamente admite que está pronto para o chamado do presidente. Interlocutores do governo, porém, avaliam que o general só deixará o cargo se de fato for escolhido para vice. Braga Netto já avisou que não tem interesse em sair candidato a outro cargo.

Enquanto esteve no comando da Casa Civil, Braga Netto deu mostras de sua fidelidade e agradou a Bolsonaro por ter adotado uma postura discreta. O general da reserva assumiu a Defesa em abril do ano passado, após o presidente trocar os comandantes das Forças Armadas. Um mês depois, o ministro compareceu a uma manifestação em Brasília com críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF).