O governo venezuelano enviou uma carta ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, na qual afirma que o Brasil se transformou em “uma bomba humanitária que põe em perigo a saúde, o bem-estar e a vida” dos povos da América Latina.
Também denuncia o que chama de “atuação irresponsável” e “negligência criminosa” do presidente Jair Bolsonaro frente à pandemia de Covid-19.
Na missiva de quatro páginas, o embaixador da Venezuela junto à ONU, Samuel Moncada, afirma que “o presidente Jair Bolsonaro e seu governo se converteram no pior inimigo dos esforços para derrotar a pandemia da Covid-19 na América Latina e no Caribe”.
O diplomata pede que o secretário-geral da ONU “inste as autoridades brasileiras a pararem com suas ações temerárias na luta contra a doença letal”.
Moncada afirma que o descontrole da pandemia no Brasil “afeta negativamente as ações” que o regime venezuelano vem implementando para controlar a propagação da doença e pode levar à disseminação do vírus na Venezuela.
Ele cita o fato de haver 62 mil infectados no Amazonas e em Roraima, estados vizinhos à Venezuela e onde há muito refugiados do país.
O embaixador afirma que a Venezuela é hoje o país com a taxa de contaminação mais baixa e com menos casos confirmados na América Latina -3.062, de acordo com o site Worldmeter, além de 26 mortes.
No entanto, a Academia Venezuelana de Ciências Físicas, Matemáticas e Naturais questiona os dados, afirmando que há uma enorme subnotificação de casos e óbitos no país. Em resposta, o governo venezuelano ameaçou usar as agências de segurança para investigar o grupo de cientistas.
Se as informações do governo corresponderem à realidade, a Venezuela de fato tem o menor índice de casos da região a cada 1 milhão de habitantes (0,9).
Citando a “falta de uma política pública coerente para conter a pandemia”, Moncada cita que o presidente Bolsonaro chamou a Covid-19 de gripezinha, que queria impedir os governadores de implementarem o distanciamento social e que declarou que poderia retirar o Brasil da Organização Mundial da Saúde.
“Está claro que estamos diante de um chefe de Estado e de um governo que impedem, com abuso de autoridade, a salvação das vidas de seu próprio povo.”
Folhapress