Em meio aos rumores de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, pediria demissão, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta segunda-feira (27) que seu auxiliar é o “homem que decide economia”.
“O homem decide economia no Brasil é um só, chama-se Paulo Guedes. Ele nos dá o norte, nos dá as recomendações e o que nós realmente devemos seguir”, disse Bolsonaro após uma reunião no Palácio da Alvorada com Guedes, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, o chefe do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Wagner Rosário.
Nos últimos dias, surgiram rumores de que Guedes poderia deixar o governo. Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo no sábado (25), o ministro partiu para o ataque contra Rogério Marinho, ex-secretário especial de Previdência e Trabalho e ministro do Desenvolvimento Regional. Eles eram aliados.
Contrariado com o que chama de deslealdade, Guedes alertou Jair Bolsonaro e o ministro Braga Netto (Casa Civil) para o fato de que o programa Pró-Brasil não sairá do papel. O plano não avança, pelo menos da forma como foi apresentado.
O ministro da Economia se indignou com as articulações de Marinho. Com a crise do novo coronavírus, o ex-parceiro de Ministério da Economia, responsável por coordenar a reforma da Previdência, passou a procurar colegas de Esplanada, especialmente militares. Nas conversas, Marinho dizia que “era hora da gastança”.
A gota d’água, no entanto, foi a proposta de Marinho. O ministro do Desenvolvimento Regional prevê 21 mil empreendimentos, a um custo total de R$ 185 bilhões até 2024.
Desse total, são R$ 157 bilhões em novas obras. A ideia seria complementar o Orçamento do Ministério do Desenvolvimento Regional em R$ 33 bilhões -dos quais R$ 7 bilhões a mais neste ano.
Para Guedes, a manobra seria uma tentativa de Marinho de se cacifar ao lado de Bolsonaro e militares. Estariam no horizonte, na visão dele, voos mais altos, como até tomar sua cadeira.
Na sexta-feira (24), o Palácio do Planalto amenizou o conflito com a Economia. Braga Netto, a quem Bolsonaro delegou o Pró-Brasil, reafirmou o compromisso do país com o teto de gastos.
A regra, definida em lei, estabelece critérios para o crescimento das despesas. Elas só podem ser corrigidas pela inflação do ano anterior.
No contexto da pandemia, Guedes entende que parte da agenda liberal teve de ser suspensa para que seja resolvido o problema emergencial do novo coronavírus.
Para isso, ele aceita, por exemplo, os argumentos apresentados pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que pretende aumentar os gastos com obras, mas dentro do teto estabelecido.
Guedes disse nesta segunda, ao lado de Bolsonaro, que o governo segue “a mesma política econômica”, pediu que os servidores públicos façam um “sacrifício” e que não peçam aumento, já que não terão corte de salário, e minimizou a tensão sobre o Pró-Brasil, chamando o programa de “estudos adicionais”.
“Para quê falar em derrubar o teto se é o teto que nos protege contra a tempestade”, afirmou nesta manhã o ministro. “Não podemos fazer um Plano Nacional de Desenvolvimento porque nossa direção é outra”, disse Guedes, destacando que o governo atua “sempre dentro da responsabilidade fiscal”.
Folhapress