O Governo da Bahia se antecipa e estabelece diretrizes para execução de medidas para fortalecimento da defesa fitossanitária contra a monilíase, após detecção de um foco isolado no estado do Acre. A praga, ausente no Brasil até o início deste mês, é provocada por um fungo (Moniliophthora roreri) de transmissão rápida, afetando especialmente plantações de cacau e cupuaçu. Seus efeitos vêm sendo monitorados pelos especialistas baianos nos países da América Central e América do Sul, e medidas preventivas acontecem rotineiramente para impedir o ingresso da monilíase na Bahia.
Para tratar do tema, foi realizado um encontro na última segunda-feira (12) pela Secretaria Estadual da Agricultura (SEAGRI) e ADAB (Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia). Também estiveram presentes representantes das secretarias estaduais de Desenvolvimento Econômico (SDE) e de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI), além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Superintendência Federal da Agricultura na Bahia, Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), pesquisadores, produtores rurais, BAHIATER, CAR, agentes de crédito, FSBA/SENAR, AMURC, dentre outras entidades ligadas ao segmento.
Na ocasião, o titular da pasta da Agricultura explicou que o governo do Estado está tomando todas as medidas para evitar a chegada do fungo às plantações da Bahia. Ressaltou, ainda, a importância da união de todos os segmentos para atuarem na prevenção da monilíase, acrescentando que é “indispensável a utilização de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e a coleta de amostras dos cacaueiros para que possamos estabelecer ações de manejo integrado com maior possibilidade de eficiência”.
Já o diretor geral da ADAB, Celso Carvalho Filho, disse que “o mais importante agora é reforçarmos a biossegurança, ampliarmos o monitoramento de cargas agropecuárias com o intuito de preservar a sanidade dos 403 mil hectares de plantação de cacau da Bahia”.
Na reunião foram tomadas decisões para a prevenção da monilíase: criação de um grupo gestor; fortalecimento institucional da SEAGRI e da ADAB quanto a infraestrutura e pessoal; intensificação dos Levantamentos de Detecção de Monilíase em todo território; intensificação da fiscalização do trânsito vegetal de cacau e cupuaçu; trânsito de mudas e sementes no estado somente com nota fiscal e termo de conformidade; proibição da entrada na Bahia de frutos, sementes, mudas e hastes provenientes do Acre; amêndoas de cacau – classificadas como tipo I e II, em sacaria nova; capacitação técnica – uso de EPI, biossegurança e coleta de amostra; educação sanitária; formação de multiplicadores – técnicos das secretarias de agricultura municipais, consórcios intermunicipais e responsáveis técnicos da iniciativa privada; continuar com a seleção e testes de clones resistentes à monilíase, provenientes de países onde a doença ocorre, para posterior multiplicação e distribuição ao setor produtivo.
A coordenadora do Projeto da Monilíase (ADAB), Catarina Cotrin Mattos, lembrou, durante a reunião, que a Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia foi pioneira no Brasil na atuação preventiva contra a monilíase, em trabalho iniciado em 2008. Também presente ao encontro, a secretária estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Adélia Pinheiro, colocou a Secti “à disposição para colaborar com a busca de novas alternativas tecnológicas para o combate e o manejo adequado da monilíase”.
“O Plano de Contingência será criado para a mitigação de focos, com o estabelecimento de um raio de ação e monitoramento em barreiras fixas e móveis. Isso embora exista grande chance do foco registrado no Acre se manter restrito àquele estado, uma vez que não há por lá uma produção significativa de cacau, o que é favorável para que avancemos nas ações de prevenção e controle”, disse o secretário João Carlos Oliveira.