Presidente da Câmara concedeu entrevista à Rádio Piatã FM na manhã desta terça-feira (1)
O senhor já perdoou o vereador Paulo Magalhães Junior? Vocês tiveram um embate forte na Câmara, onde ele chamou o senhor de monarca…
Geraldo Júnior: o embate faz parte da política. A monarquia é estabelecida por aqueles que não conhecem a evolução dos tempos e o que a política requer. As últimas eleições estaduais darão um reflexo nas eleições futuras. A eleição da presidência da Câmara foi a real tradução disso. Eu fui aclamado como presidente da Câmara Municipal de Salvador, dois meses antes do pleito. Paulo Magalhães é um grande amigo que conquistei na política e ele, na defesa institucional do governo do prefeito ACM Neto, o qual eu faço parte, cometeu a chamada diarreia emocional. Você falar fora da razão e tocado pela emoção. Tanto é que logo depois fizemos o apaziguamento e na sessão subsequente ele subiu na tribuna daquela Casa e sinalizou que extrapolou em relação às colocações dele. Todos que me conhecem sabem que sou conhecido na política, como fui e sou na vida política e pessoal, um diplomata. Procuro estabelecer sempre a razão e conciliar. Não faço diferenciação na Câmara da bancada partidária ou do número de vereadores por partido.
Você é reconhecido na Câmara por saber conciliar em qualquer tipo de situação. Como ser líder nesse contexto onde existem várias ideias diferentes?
Geraldo Júnior: eu faço uma reflexão diária sobre isso. Você apenas não precisar ter o estereótipo do líder, a marca do líder, o nome do líder. Você precisa liderar. Liderar é diferente de você chefiar. Eu digo isso todos os dias. A arte de liderar requer você ouvir, requer você ter equilíbrio, a arte de liderar significa você dar paridade. O maior exemplo disso, não sei se você se recorda, uma das primeiras emissoras de rádio em que eu fui discutir as questões dos motoristas por aplicativos. Falei de uma preocupação que tinha, e que tenho, em relação aos taxistas. Muitas pessoas tentavam intitular apenas os 7.290 taxistas da cidade, quando na verdade não era isso. Nós tínhamos 7.286 placas de taxis da cidade, mas nenhum taxi roda 24 horas com apenas um motorista. Você tem o titular e dois auxiliares. Então, seriam naquela oportunidade 21 mil taxistas contra 28 mil motoristas por aplicativo. E qual seria a arte do líder? Resumindo naquele contexto, além de ouvir, ter equilíbrio e sensatez. É arte de você saber modular as coisas, entender o papel. Tenho feito isso na Câmara Municipal de Salvador. A bancada de oposição, o bloco partidário independente, ele é minoria, mas minorias num contexto textual, mas para esse presidente eu dou equiparação de entendimento, de manifestação, de oitiva e de depoimento daquilo que eles pensam. E reitero: todos que conhecem a minha vida pessoal, política e profissional sabem que eu não jogo para a torcida. As vezes isso incomoda. No caso do vereador Paulo Magalhães, eu disse a ele: “você tem condições de ser o melhor líder de todos os tempos que já passou por essa Câmara, porque você tem um amigo presidente”. Eu sou da base do prefeito ACM Neto, mas tenho que buscar aquilo que é bom para a cidade do Salvador. É a primeira vez na história de Salvador, onde um governador e um vice-governador do estado, vão à Câmara Municipal para apresentar e discutir um projeto com os vereadores. O governador foi porque estabelecemos uma recente amizade que parece que já é de algum tempo.
O senhor recebeu algum convite de Rui Costa para integrar a base dele?
Geraldo Júnior: na verdade, nós falamos de política, numa política muito macro. Não entramos ainda no detalhamento de falar de política partidária, de política de 2020. A gente fala da política de Salvador, do que a gente quer e do que a gente pensa para cidade. Eu tenho estabelecido, e reitero, uma grande amizade com o governador Rui Costa. Nós passamos a ser bons amigos. Tivemos a oportunidade de curtir juntos o São João em Amargosa, seis dias naquela cidade, prestigiando aquela cidade.
O senhor não passou seis dias com o governador Rui Costa sem falar sobre 2020…
Geraldo Júnior: nós namoramos 2020. Rui Costa tem sido, inclusive, um bom amigo e conselheiro. Isso foge de um processo de identificação se estaremos na base do governador Rui Costa. Eu sou da base do prefeito ACM Neto. Eu e o prefeito ACM Neto temos uma amizade que transcende a vida política. O contraditório e contraponto fazem parte da política. O que prejudica a relação com o prefeito ACM e com a gestão não é o prefeito. Eu disse a ele: nós temos que ter uma relação de olhar olho no olho. O que prejudica é o entorno. As forças ocultas ficam no entorno. Se eu contar quem são essas forças ocultas elas deixam de ser ocultas e passam a surgir outras. Elas têm um processo inteligente: ou elas se auto-escalam ou elas são escaladas.
Além das forças ocultas existem os bloqueadores de realizações. Como lidar com eles?
Geraldo Júnior: são aqueles que remam para trás. O exemplo prático disso é a piscina olímpica. Apenas quatro cidades do país receberam a piscina olímpica. Eu fiz a minha parte e entreguei o maior equipamento esportivo da cidade. Foi entregue na nossa gestão. Tivemos dificuldade para achar um espaço e quando achamos, alguns especuladores, esses remadores de ré, diziam que ali, ao invés de colocar uma piscina, deveria ser para a especulação imobiliária. Preciso dizer e reiterar: contei com a sensibilidade do prefeito ACM Neto, que naquela oportunidade, contra tudo e todos, se dispôs a ceder aquela área para que a gente pude estabelecer ali o nosso Centro Olímpico. Você há de observar que levamos à votação um projeto que tramitava há mais de dez anos na Câmara Municipal de Salvador, que é o Estatuto da Igualdade Racial e Combate à Intolerância Religiosa. Temos 84% da população de Salvador negra e temos aí um Estatuto de ordem federal, de ordem estadual e não tínhamos, de ordem verticalizada, um Estatuto para a nossa cidade. Poucos tiveram a coragem, como eu tive, de enfrentar essa guerra. E aí volto a frisar o assunto dos motoristas de aplicativo e taxistas. Todos sabem do amor que tenho pelos taxistas da cidade. Tanto é que aprovamos, por unanimidade, transformando a figura do táxi em um patrimônio cultural e histórico da cidade. Tenho a certeza que esse projeto será sancionado pelo prefeito.
Enquanto presidente da Câmara Municipal de Salvador e membro da base do governo ACM Neto, o senhor tem acompanhado o desenvolvido à frente da Semtel, essa pasta que o senhor comandou durante muito tempo e hoje é comandada por Alberto Pimentel?
Geraldo Júnior: você está tentando me deixar em saia justa…Alberto Pimentel me sucedeu na Semtel e acredito que ele tem feito todos os esforços para administrar essa pasta. Quando falamos da Semtel, todos imaginam campos e quadras, mas é muito maior do que isso. O sistema de intermediação de mão de obra está diretamente linkado à Semtel. Quando administrávamos a Semtel, nós tiramos Salvador da penúltima capital da empregabilidade e transformamos Salvador na primeira capital do Nordeste em ocupações formais e informais, e a terceira do país. O secretário Alberto Pimentel tem tentado manter esses índices de crescimento. Toda crítica que eu venha a fazer, seja até uma crítica construtiva, pode parecer que seja uma crítica em função de um projeto político pelo princípio da anterioridade. Mas acredito que o prefeito ACM Neto confia no secretário Alberto Pimentel. O que eu espero é que a Semtel possa atender o seu fim especifico que é atender a população, não só na parte de construção de quadras e campos, que é uma retórica muito pequena em relação ao que população espera, mas estabelecer políticas do trabalho e na área do esporte, que é extremamente importante.
O senhor estaria saindo do Solidariedade e pretende se filiar ao MDB. É verdade isso?
Geraldo Júnior: eu falei que é muito cedo para se falar em mudança partidária. Estou plenamente satisfeito em meu partido. Para você ter uma ideia, a minha ficha ela é a número 0001, no país. Fui o primeiro político, com mandato, a me filiar no partido Solidariedade. Tenho recebido muitos convites de partidos da base do prefeito ACM Neto, partidos da base de oposição ao governador Rui Costa, e tenho um amor especial pelo PMDB. Gosto demais do PMDB. Seria uma grande opção. Se eu for para o partido ou o partido que eu venha a mudar ou que fique no Solidariedade, eu entrarei nesse partido com pelo menos cinco vereadores.
O senhor não consideraria um enfraquecimento pelo qual o MDB tem passado durante algum tempo, inclusive baseado em escândalos, temos aí a prisão do ex-ministro Geddel, a investigação acerca de Lucio Vieira Lima, dentre outros nomes. O senhor não teria receio de vincular o seu nome a um partido que passa por um momento como esse?
Geraldo Júnior: a história se faz por atos. A história se faz por ações. Eu, pela minha formação jurídica, não gosto de estabelecer julgamentos antecipados. Acho que quem comete erros deve pagar na justiça. Só que essas situações devem ter um trânsito em julgado.
Então, o senhor é contra a prisão de Lula também?
Geraldo Júnior: não é que sou contra a prisão de Lula. Acho que todo aquele que cometa aberração, a todo aquele que cometa um delito, a todo aquele que cometa o que a norma e a legalidade não preveem, deve responder. Não que eu seja contra a prisão de Lula. Eu digo: você fala do PMDB. E os escândalos relacionados ao PSDB? E os escândalos relacionados ao PT? E os escândalos relacionados a quase todos os partidos? O que temos que olhar é o seguinte: acho muito démodé, acho muito piegas a gente dizer o novo político e velho político. Você tem que ter é novas práticas, novos conceitos, nova forma de agir. Eu tenho uma amizade particular com o ex-deputado Lucio Vieira Lima e se ele cometeu algum delito ou algum crime, ele vai responder. Mas acredito na presunção da inocência do deputado Lucio Vieira Lima. Tem que ter muita coragem para dizer isso porque o julgamento e o pré-julgamento são arriscados. Qualquer um de nós podemos passar por uma situação semelhante.
Você apoia Bellintani para prefeito de Salvador?
Geraldo Júnior: e por que Bellintani não me apoiar? A pergunta que fica no ar é essa aí. Eu, hoje pela manhã, tive a oportunidade de ter Bellintani em nossa programação, todos sabem da amizade que tenho com Bellintani. Ele é um dos bons amigos que a vida pública me deu, aliás, um grande amigo que a vida me deu. Mas e por que ele não me apoiar nas eleições de 2020, em eu sendo candidato? Você me fez um questionamento se eu sou candidato a prefeito nas eleições de 2020. Eu reitero que um dia eu vou governador essa cidade. Você pode escrever aí. Não sei se agora e 2020 ou em qualquer outro momento. Acredito muito na força de Deus. O tempo de Deus é diferente do nosso. Aguardei tanto tempo para ser presidente da Câmara e Deus disse: agora é o seu momento e você será aclamado. Para ser prefeito da cidade de Salvador preciso reunir algumas condições: partidos, apoio político, a vontade da cidade e o povo. Aí me perguntam: você quer sair pela base do prefeito ACM Neto ou pela base do governador Rui Costa? E eu respondo: quero sair no coração da minha cidade. Ontem um site de grande circulação no cenário da nossa cidade me perguntou se eu seria de Bruno Reis e eu disse: pode ser uma grande tendência Bruno Reis ser o meu vice. Já é vice-prefeito atual, secretário de Infraestrutura, é um homem de grupo e tenho certeza, como fazemos parte de um grupo político, se eu tiver melhor do que ele nas pesquisas por que não ele ser o meu vice? Seria a carta número um na manga para esse processo.
Eu vejo o senhor circulando muito entre os evangélicos ultimamente…
Geraldo Júnior: sim, sempre. Meu pai foi vereador da cidade de Salvador e é evangélico. Meu pai foi vereador pela igreja Universal do Reino de Deus por dois mandatos, 1992 à 1996 e 1996 à 2000. Eu advoguei 14 anos para a igreja Universal do Reino de Deus, sete anos para a Rede Record. Então, nós temos uma história linkada a esse processo.
Como o senhor recebeu a notícia do descumprimento do TAC por uma das empresas de ônibus que circulam em Salvador?
Geraldo Júnior: isso foi denunciado na Câmara Municipal de Salvador e vocês, que estão sempre na frente da informação, trouxeram aqui o vereador Henrique Carballal, que é presidente de uma Comissão de Inquérito, Sindicância e Acompanhamento do Transporte Público na cidade de Salvador. Ele fez essa denúncia na mesa da Câmara Diretora, por meu intermédio, ao Ministério Público (MP-BA). Hoje, às 14h, a promotora Rita Tourinho, a quem tenho um apreço e carinho especial, estará recebendo essa Comissão. A cidade precisa saber o que se passa no transporte público, nessa caixa preta.
O senhor é a favor do projeto de Carballal que prevê o fim do arrastão da Quarta-feira de Cinzas? O prefeito disse que ele não foi debatido de forma a contento na Câmara.
Geraldo Júnior: esse projeto foi amplamente discutido na Câmara de Vereadores. Ele tramitou em todas as Comissões, inclusive em Comissões Temáticas. Era do conhecimento do líder do governo, que inclusive foi presidente da CCJ. Esse projeto segue para sansão ou veto do prefeito. É uma decisão do prefeito.
Daqui a 50 anos como você quer que a história conte o que de melhor aconteceu na sua gestão à frente da CMS?
Geraldo Júnior: acho que a aproximação da população de Salvador com o processo legislativo. Falo isso de forma emocionada. Não é fácil estabelecer uma política, como eu estou querendo na cidade de Salvador.
O tempo está chegando… Até quando Geraldo Júnior vai dizer se vai ou não ser candidato a prefeito de Salvador e sobre a mudança de partido?
Geraldo Júnior: em janeiro vou dizer aqui no PNotícias em primeira mão. Em relação à mudança de partido, logo após o carnaval eu decido se fico no Solidariedade ou mudo de partido. Essa decisão será pela razão. Se fosse pela emoção eu tomaria decisões que a política não permite. Por sinal, umas das pessoas que vou ouvir durante esse processo chama-se Guto Alves. Se hoje nós chegamos à presidência da CMS, se existem interlocutores nesse processo, um grande amigo irmão que a vida me deu, se chama Guto Alves. Ele terá uma decisão importantíssima nesse processo.