Espetáculo que estreia no TCA integra plateia à cena

Com estreia dia 14 de novembro, “TAROT” tem proposta de fruição imersiva e inova ao acontecer nas dependências e áreas externas do TCA

Em caráter inédito, 22 cenários estão sendo montados nas áreas externas e dependências do Teatro Castro Alves para receber o espetáculo cênico instalativo TAROT, que estreia dia 14 de novembro e segue temporada até o dia 24, com sessões de segunda a sexta-feira, das 20h às 22h. No dia 18 (sexta-feira), das 14h às 17h, haverá uma sessão voltada para inclusão de pessoas com deficiência visual, com o apoio do Instituto de Cegos. Com direção  artística do cenógrafo e diretor de arte Luis Parras e direção de cena de Fernanda Paquelet, a montagem tem a proposta de fruição imersiva, ou seja, o público não irá assistir ao espetáculo, irá vivenciá-lo e experimentá-lo.  

Tudo começa quando cada um sorteia uma carta do baralho que define seu destino dentro da montagem. Como o nome já sinaliza, a peça inspira-se nos arquétipos e arcanos do tarot, mais especificamente do Tarot de Marselha, e a carta sorteada define o jogo que cada pessoa irá percorrer, cada um composto por 7 ambientes. A visita é guiada por mediadores e acontece coletivamente, uma vez que a plateia se divide em quatro grupos para fazer a sua imersão. O espetáculo é voltado para maiores de 16 anos.

Ao final do trajeto, cada pessoa terá percorrido a sua jornada arquetípica, mas não terá conhecido todos os seus ambientes do espetáculo, uma vez que a ideia é seguir a lógica do tarot, onde a escolha das cartas compõe o jogo que irá se revelar. A narrativa construída vai depender do repertório de cada indivíduo e da sua reação a determinadas situações dos arquétipos (ambientes) visitados, que trazem reflexões sobre cotidiano, política, filosofia, psicologia, além de uma gama infinita de dispositivos que os oráculos podem acionar em cada pessoa. 

“O tarot é um jogo do inconsciente. Assim como os sonhos, o tarot possui a capacidade de despertar em nossa consciência aspectos ocultos do inconsciente, então esperamos que ao imergir nesses cenários, inspirados no baralho, o espectador tenha a mesma experiência de um jogo numa cartomante ou diante de um psicólogo, mas ao invés de fazerem isso de uma forma passiva, terão uma vivência completamente sensorial, a partir de cores, temperaturas, sons, imagens, através do tato e do paladar. A proposta é que cada participante vivencie sensorialmente cada arquétipo”, explica o diretor Luis Parras.

Cenografia e efeitos especiais – Parras ressalta que o espetáculo é disruptivo não apenas por montar cenários em locais inusitados do TCA, como o foyer, o jardim suspenso, a antiga bilheteria e as escadas que descem pra Concha Acústica, mas também por ser a primeira montagem itinerante realizada no Brasil em que o foco não está no trabalho de ator, mas sobretudo na cenografia e nos efeitos especiais. “Isso tem muito a ver com os espetáculos realizados em cidades no renascimento europeu, onde o público se deslocava pelas ruas e assistia cenas montadas em sacadas de prédios”, comenta ele. 

O foco na cenografia tem relação com o fato de TAROT ter nascido como resultado do Curso de Formação em Construção do Espaço Cenográfico, ministrado por Luis Parras e pela produtora de arte Patrícia Bssa – que em TAROT assina também a produção e  assistência de direção – entre os meses de setembro a outubro de 2022, no qual as cartas do Tarot de Marselha foram o ponto de partida para as criações dos 13 participantes. “Através da análise de seus símbolos, dos arquétipos representados e de uma investigação de seus semelhantes na história das artes, foram construídos os projetos cenográficos. Durante o processo criativo usamos textos dos livros O Caminho do Tarot, de Alejandro Jodorowsky e Jung, e o Tarô de Sallie Nichols”, explica Parras, ele próprio um estudioso do tarot há 26 anos.

Curiosidade – Ao ocupar 22 espaços não convencionais do TCA, TAROT se transformou numa montagem imensa, uma empreitada para a qual foi necessária uma grande mobilização de outros grupos de teatro no sentido de disponibilizar elementos cenográficos prontos, utilizados em outros espetáculos, capazes de viabilizar tamanho desafio, tanto por questões orçamentárias como de tempo. 

Sendo assim, a sua cenografia conta com fragmentos de vários outros cenários de espetáculos teatrais baianos dos últimos 20 anos, dos diretores e diretoras Alda Valéria , Bergson Nunes , Anderson Dantas, Andrea Elia, Caio Rodrigo, Duda Woyda, Guilherme Hunder, Thiago Romero, Grupo Teca / Marconi Araponga / Roberto Mezzotino.

“É uma honra para o TAROT retornar a cena objetos e elementos cenográficos que constroem e compõem a história do teatro e da cenografia na Bahia. Um reencontro de público e técnicos com os espetáculos a partir da cenografia e do espaço de cena”, comenta Patrícia Bssa.

O projeto conta com a parceria do Centro Técnico do TCA na cessão do espaço e apoio com figurino, costura e cenotecnia e empréstimo de objetos e mobiliário de outras peças teatrais baianas que fazem a guarda de seu material no Armazém Cenográfico.

A produção executiva do espetáculo tem assinatura da Multi Planejamento Cultural, que também assina a realização junto com a Telurica Produções Artísticas e a Banana da Terra Projetos Artísticos.

O Governo da Bahia apresenta o espetáculo cênico instalativo TAROT contemplado pelo Edital Setorial de Teatro 2019 e tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda, Fundação Cultural do Estado da Bahia e Secretaria de Cultura da Bahia.

SERVIÇO:

Espetáculo Cênico Instalativo TAROT

Local: Dependências do Teatro Castro Alves – TCA 

Datas: 14, 15, 17 de novembro  (segunda, terça, quinta-feira) – 20h às 22h

           18 de novembro (sexta-feira) – 14h às 17h – Sessão/ Instituto de Cegos

           21, 22, 23, 24 e 25 de novembro  (segunda a sexta-feira) – 20h às 22h

Ingressos: R$ 20 e R$ 10

Vendas: Sympla