Ex-cartola da CBDA é condenado por fraudes na confederação

Coaracy Nunes Filho, 81 anos, ex-presidente da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), foi condenado em primeira instância por fraudes na gestão de recursos da entidade. A juíza Raecler Bradesca, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, estabeleceu uma pena de 11 anos e 5 meses de reclusão, com 3 anos e 6 meses de detenção.

Aquele que dirigiu a confederação por quase três décadas, entre 1988 e 2017, foi condenado ainda ao pagamento de uma multa de 600 dias (medida baseada no salário mínimo), o que hoje é o equivalente a cerca de R$ 120 mil. Cabe recurso.

Acusado de diversas fraudes e desvios durante seu período à frente da entidade, Coaracy vem negando irregularidades desde 2016, quando foi afastado pela primeira vez da CBDA pela Justiça.

O ex-presidente da entidade foi considerado culpado de realizar quatro licitações fraudulentas para a aquisição de material esportivo com recursos do Ministério do Esporte e de se apropriar de valores destinados à ida da seleção júnior para uma competição no Cazaquistão. A equipe não viajou, e o entendimento da Justiça é que o dinheiro foi apropriado pelos dirigentes.

A juíza federal Raecler Baldresca não viu irregularidades na não distribuição para os atletas de um prêmio de US$ 500 mil (R$ 2,03 milhões, na cotação atual) pago pela federação internacional pela participação na Liga Mundial de 2015. Coaracy também foi absolvido da acusação de usar o departamento jurídico da CBDA para defendê-lo no processo.

Em seu texto, Baldresca apontou que “a reprovabilidade da conduta de Coaracy ainda aumenta quando são constatadas suas características pessoais: foi presidente da CBDA por quase duas décadas [sic], atuando em diversos procedimentos licitatórios, sendo nefastas as consequências de seus atos fraudulentos para o esporte nacional”.

Coaracy já havia sido preso preventivamente em 2017, durante a Operação Águas Claras da Polícia Federal, que investigou esquema de desvio de recursos públicos na CBDA. Ele foi solto três meses depois, sob condições como se manter longe da confederação e dos outros réus do processo.

A decisão em primeira instância estabeleceu punições também para Ricardo Moura, ex-supervisor técnico da CBDA, e Sérgio Alvarenga, que era diretor financeiro da confederação. Moura recebeu pena de 9 anos de reclusão, com 2 anos e 6 meses de detenção, e Alvarenga foi punido com 7 anos e 6 meses de reclusão, com 2 anos e 1 mês de detenção.

Ricardo Cabral, ex-diretor de polo aquático da entidade, foi absolvido. Já o empresário Haller Ramos de Freitas Júnior, ligado às operações de desvio de verbas de acordo com a sentença, recebeu pena de 11 anos e 5 meses de reclusão, com 3 anos e 6 meses de detenção.

Foram condenadas ainda outras três pessoas ligadas à empresa de Haller Júnior. José Nilton Cabral da Rocha, Mônica Pereira da Silva Ramos de Freitas e Keila Delfini Santos Pereira da Silva receberam, cada um, 7 anos e 6 meses de reclusão, com 2 anos e 6 meses de detenção.

Fonte: Folhapress