por João Brandão, de Jacobina
A importância de uma mina de ouro para uma localidade é tão preciosa como o elemento químico brilhante encontrado – o Canadá, por exemplo, é sustentado pela mineração. Não é diferente na cidade baiana de Jacobina, localizada no Piemonte da Diamantina. O Bahia Notícias visitou a sede da Yamana Gold, a maior produtora de ouro do Nordeste, e vivenciou de perto os desafios e a realidade da mineradora.
Economicamente forte, a empresa, que está há 13 anos na cidade, representa 31% do Produto Interno bruto (PIB) jacobinense e emprega quase 85% de nativos em um quadro de mais de dois mil funcionários. São R$ 26 milhões por mês entre salários e benefícios aplicados na cidade.
Primeiro que hoje o ouro é descoberto como se fosse areia – não mais pepita –, e vai sendo compressado até formar uma barra. Mas calma, para chegar até o produto final é preciso passar por um processo “engenhoso”. O complexo é composto por cinco minas, que atuam 24 horas por dia durante os 365 dias do ano. Nos dias atuais não usam mais dinamite para explorar as minas. O uso é com emulsão explosiva. E não pense que é um calor lá dentro. Eles atuam com canos de ar e sistema de controle no subterrâneo, um processo de ventilação, com água e energia. A tecnologia permite saber quem entra e quem está dentro da mina para evitar imprevistos.
A galeria é composta com tirantes e telas para segurar o choco, que é pedaço de rocha que pode cair ao se soltar da galeria. E é jogado o concreto para fazer a contenção.
Após serem coletados na mina, os resíduos passam pelo equipamento chamado Moinho, que são transformados em formado pastoso. Depois, para separar o ouro, é colocado em um recipiente com o carvão. São retiradas cerca de 6,5 mil toneladas de minério por dia. Em 2018 a empresa produziu 145 mil onças (OZ) de ouro, que equivalem a 4,11 toneladas. Apesar da alta produção, o custo é o menor da América Latina. Isso porque, ao contrário da maioria das minas, a Yamana trabalha com escavações horizontais e pouco desce na terra.
O sistema de segurança para entrar no complexo é rigoroso. Cada pessoa, incluindo os funcionários, precisa passar por inspeção rígida. Visitantes não podem levar celulares ou algo que possa registrar algum ponto da mina. Tudo é minimamente controlado. Há um heliponto no local para embarque e desembarque de helicóptero que carrega as barras de ouro. O destino é guardado a sete chaves. Isso tudo para evitar assaltos. O ouro não é comercializado nacionalmente.
A empresa reutiliza 95% dos recursos hídricos e 86% dos resíduos encontrados são recicláveis. Há uma preocupação ambiental, inclusive com campanhas de reflorestamento. Meio milhão de mudas –, entre nativas, ornamentais e frutíferas – foram produzidas e parte foi entrega à população.
Agora a Yamana Gold volta também a sua visão para novos voos. Segundo o gerente-geral da mineradora, Sandro Magalhães, o projeto de exploração se chama “Lavra Velha”, na cidade Ibitiara, dentro da Chapada Diamantina. A fase é de prospecção de uma possível mina de ouro. “Fica a 300 km de Jacobina em direção à Chapada. Projeto ainda de exploração”, disse Magalhães.