Com regras rígidas nas linhas de produção, indústria de aves e suínos conseguiu manter e até aumentar em 6% a produção nos últimos seis meses
A segurança sanitária dos frigoríficos brasileiros em meio à pandemia foi tema do programa Direto ao Ponto, que foi ao ar neste domingo, 9. O convidado foi o diretor-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.
Os frigoríficos passaram a adotar protocolos ainda mais rígidos a partir do último mês de março. Os ministérios da Agricultura, da Saúde e da Economia publicaram, em 18 de junho, a portaria conjunta 19. O normativo elenca série de regras que minimizam os riscos de contágio da Covid-19 entre os trabalhadores das linhas de produção de frigoríficos e de laticínios em todo o país. “Com ela (portaria), tivemos uma normatização para todos os frigoríficos e que até hoje a gente consegue manter a produção para não faltar alimento”, comemorou Santin.
Para o diretor-executivo da ABPA, os novos protocolos demonstraram-se eficazes na prática. E duplamente: resguardaram a saúde dos trabalhadores e mantiveram os frigoríficos em funcionamento para suprirem a demanda por carnes no país e em países importadores. “Hoje um frigorífico, em alguns casos, é mais limpo e higienizado do que até mesmo um pronto-socorro. Depois de seis meses de pandemia, ainda tem frigorífico que não teve nenhum caso, o que comprova que não é polo de doença”.
Já com relação às investigações do Ministério Público do Trabalho sobre denúncias de aumento de casos dentro dos frigoríficos, Santin entende que houve excesso de precaução logo no início da pandemia para alcançar um objetivo comum. “Isso foi o que aconteceu lá atrás. Tivemos um desentendimento. Mas houve uma maturidade maior tanto da indústria quanto do próprio MPT. E verificamos que estamos tendo sucesso nas ações conjuntas, que é o de preservar a saúde do colaborador”, defendeu.
Santin também informou que o setor foi um dos poucos que contrataram trabalhadores em meia às notícias de demissões devido aos lockdowns no país. “Nós contratamos quase 20 mil funcionários para repor os que foram afastados preventivamente”.
O fato é que a produção brasileira de carnes registrou aumento nos meses que coincidiram com o pico da pandemia. Isso só foi possível por que os protocolos minimizaram os casos de Covid-19 entre funcionários de frigoríficos. “Nos chamaram a responsabilidade de produzir alimento para não faltar comida para o brasileiro. Seria muito ruim ter que enfrentar uma pandemia e não ter comida disponível nas prateleiras. A gente cresceu 6% a produção”, pontuou.
Além de manter as prateleiras cheias, o setor ainda viu novas portas abrirem-se no comércio internacional: “Tivemos a surpresa do Egito, para a carne de frango. Mais de 160 países continuam consumindo carne de frango do Brasil; e mais de 70 países, de carne de porco”, disse o diretor.
O convidado também descartou risco de o consumidor não encontrar carnes nos supermercados. “Não há risco de desabastecimento. As medidas foram bem implantadas. Já em países desenvolvidos, caso dos EUA, descuidou-se no início da pandemia, o que fez faltar carne de porco nas prateleiras”, explicou. Ele também reiterou que a ingestão de carnes não transmite o vírus. “A carne não transmite Covid. Os animais não transmitem Covid. Não há qualquer perigo disso”.
As novas medidas, por outro lado, aumentaram os custos do setor – principalmente de frigoríficos que só vendem para o mercado interno. “Eu tive que dobrar o número de caminhões, de ônibus que transportam as pessoas, duplicar as desinfecções e quadruplicar o índice de lavagem das máscaras. São custos importantes e que estão impactando na rentabilidade das plantas”.
Entenda as medidas
O fornecimento de proteção facial e de vestimentas aos trabalhadores que fazem parte da linha de produção estão entre as novas regras. Outra orientação é a troca das máscaras a cada 4 horas. Além da distância mínima de 1 metro entre os trabalhadores, a portaria interministerial ainda impõe a medição da temperatura dos trabalhadores à entrada dos frigoríficos.
Outra regra estabelecida é que as indústrias devem dar preferência à ventilação natural. Em caso de ambientes climatizados, deve-se evitar a recirculação do ar.
Fonte:Canal Rural / Foto:Reprodução/Canal Rural