Gestantes agonizam em situações desumanas enquanto aguardam vaga nas maternidades, afirma sindicato

“A situação da Obstetrícia na Bahia está periclitante. Estamos com quatro maternidades superlotadas e todas as maternidades estão mandando pacientes aqui para a Tsylla Balbino, na Baixa de Quintas, que está com porta aberta. Está um verdadeiro tumulto. As maternidades que estão com restrição de atendimento,  sem receber novos pacientes, por excesso de lotação são: João Batista Caribé, em Coutos; Iperba, em Brotas; Menandro de Farias, em Lauro de Freitas e José Maria Magalhães, em Pau Miúdo”, informa a presidente do Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia, Dra. Ana Rita de Luna Freire Peixoto,

A partir de relatos dos médicos, a presidente da entidade resolveu passar nas maternidades, Na tarde desta sexta-feira, para checar as denúncias  e encontrou situações desoladoras. Ela relata que na maternidade que na maternidade Tsylla Balbino havia 15 pacientes gestantes internadas, todas na cadeira. “Uma com tosse, outra com abortamento retido, outra para parir… uma terminou, por falta de espaço, vomitando na outra. Está um verdadeiro caos”, conta.

A presidente do Sindimed-BA conta  também que o espaço de pré-parto da Tsylla Balbino está cheio, porque há pacientes no centro cirúrgico, ocupando a sala de cirurgia, devido à ausência de vaga na enfermaria. “A paciente Islânia Aguiar, com bolsa rota, com 9 cm, está esperando na cadeira vaga para poder parir o seu filho. Então, é extremamente grave e desumana a situação das gestantes na capital da Bahia, não por culpa dos médicos, mas devido a um colapso na rede pública”, afirma a dirigente. 

Dra. Ana Rita conta que, além disso, estão chegando à Tsylla Balbino pacientes de várias partes do interior da Bahia.  “A maternidade João Batista Caribé também não está conseguindo atender, por estar fechada, devido à superlotação. Com essa situação, está mandando pacientes com gestação de alto risco para a maternidade Tsylla Balbino”, completa a médica. Situação similar também está ocorrendo na maternidade de Pau Miúdo, João Batista Caribé.

Também está ocorrendo uma situação que foge à alçada da Tsylla Balbino, segundo a presidente. “Pacientes idosos com câncer de útero, com sangramento, estão batendo aqui porque não estão tendo acesso ao Hospital da Mulher, que está com porta fechada. Então, como elas não têm acesso à rede básica de saúde, não são reguladas para o Hospital da Mulher e vêm bater aqui pedindo socorro”, denuncia Dra. Ana Rita.. 

Em visita à maternidade de Plataforma, a presidente do Sindimed verificou que naquela unidade o problema não é superlotação, porém  insuficiência de médicos anestesistas. “Em Plataforma, a maternidade está sem anestesia nos dias de segunda-feira, terça-feira e sexta-feira, além de domingo quinzenalmente. Com isso, partos que poderiam ser realizados aqui no Subúrbio, estão também sendo direcionados para a Maternidade Tsylla Balbino”, afirma a Dra. Ana Rita.