O Google e a Apple anunciaram uma parceria para criar um recurso de rastreamento de contatos por celular para auxiliar no combate à Covid-19. Elas vão lançar um sistema conjunto que identifica e notifica pessoas que interagiram com outras que testaram positivo para o coronavírus.
Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (13), porta-vozes de Apple e Google afirmaram que as empresas não estão desenvolvendo um aplicativo para governos, mas um sistema para que autoridades possam usar caso desenvolvam seus próprios aplicativos.
Em maio, as companhias irão lançar APIs (sigla para Interface de Programação de Aplicações) que permitem a interoperabilidade entre celulares Android (do Google) e iOS (da Apple).
Nos meses seguintes, elas devem habilitar uma plataforma mais ampla de rastreamento de contatos baseada em bluetooth.
As empresas exemplificam a tecnologia da seguinte maneira: suponha que João e Maria se encontram pela primeira vez e passam 10 minutos juntos. Caso tenham os aplicativos, seus telefones trocam avisos de identificadores anônimos (um número aleatório gerado em cada celular que irá durar 14 dias) por bluetooth.
João é diagnosticado com Covid-19 e insere o resultado do teste positivo no aplicativo da autoridade pública. Com seu consentimento, o telefone faz o upload de 14 dias dos seus avisos de transmissão em uma nuvem.
Um tempo depois, o celular de Maria baixa as chaves de transmissão de todos os testes positivos para a doença em sua região. O aplicativo detecta que ela se encontrou com João. Ela, então, recebe uma notificação dizendo que foi exposta a alguém que testou positivo para Covid-19.
Para usar o recurso, será preciso fazer o download de um app que estará disponível nas lojas virtuais de Apple e Google.
As empresas dizem que a tecnologia foi desenvolvida centrada na privacidade.
Afirmam que não usam dados de geolocalização, que as chaves (os números aleatórios) não revelam a identidade do usuário ou o local de contato, que toda a rede que quiser participar precisará fazer isso de forma pró-ativa, baixando o app e podendo o deletar quando quiser, e que o sistema é desenvolvido em parceria com autoridades de saúde pública.
De acordo com porta-vozes de Google e Apple, o mecanismo não compartilha qualquer identidade ou informação de resultado de teste com as empresas. As chaves serão aleatórias e não poderão ser usadas para vigilância ou rastreamento de localização.
Ainda segundo eles, os dados ficarão distribuídos nos próprios celulares e não haverá um servidor centralizado com eles, o que aumentaria risco de falha à privacidade.
A reportagem entrou em contato com o Ministério da Saúde, mas a pasta ainda não respondeu se tem planos de desenvolver um aplicativo utilizando o recurso.
Folhapress
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