Pelo segundo ano consecutivo, as praias do Rio Vermelho amanheceram fechadas nesta quarta-feira (2), dia em que tradicionalmente ocorre a Festa de Iemanjá, devido ao enfrentamento à pandemia de Covid-19. Para evitar aglomerações, uma ação integrada com diversos órgãos da Prefeitura é realizada na região, de maneira a evitar aglomerações e, principalmente, preservar vidas, diante do aumento do número de casos do coronavírus.
Desde a noite da terça-feira (1º), agentes da Guarda Civil Municipal (GCM) atuam na orientação de pessoas que desejam deixar oferendas para a Rainha do Mar. “Até o momento nossa atuação está tranquila, sem problemas nos acessos à praia no Rio Vermelho e esperamos que continue assim até o final da operação”, declarou o diretor-geral de Segurança e Prevenção à Violência da GCM, Maurício Lima.
Com o objetivo de fiscalizar poluição sonora nos estabelecimentos comerciais e verificar o cumprimento dos protocolos para os festejos deste ano, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur) também conta com equipes desde a terça-feira, na poligonal que abrange desde o restaurante Sukiyaki até a área da Vila Caramuru. Os agentes, além da conscientização dos estabelecimentos, também se certificaram do cumprimento da obrigatoriedade da carteira de vacinação e a disponibilização de álcool em gel e uso de máscara.
O coordenador de fiscalização da Sedur, Everaldo Freitas, afirmou que durante a orientação nos estabelecimentos, foram emitidas notificações para evitar a venda de bebida em garrafa de vidro durante o dia de hoje, além da apreensão de peças publicitárias irregulares. “Pedimos também que evitem atividade sonora, apenas som ambiente nos bares e restaurantes do bairro”. Os agentes permanecerão no bairro até às 6h da quinta-feira (3).
Também em atuação, os agentes da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) trabalharam para evitar o comércio informal e, até o meio-dia, nenhuma ocorrência havia sido registrada por parte da Semop. “Seguindo o decreto municipal, vamos realizar a ação de fiscalização durante todo o dia. É importante que o cidadão e o comerciante entendam esse momento que estamos vivendo para que no próximo ano a festa aconteça com a magia e o brilho que tem”, disse a secretária da pasta, Marise Chastinet.
A Transalvador também contou com efetivo na região, sem maiores problemas no trânsito do bairro. De acordo com o superintendente do órgão, Marcus Passos, com a não realização da festa, o tráfego de veículos permanecerá liberado durante todo o dia e 25 agentes vão permanecer no Rio Vermelho para manter a harmonia do trânsito na área.
Mesmo com o fechamento das praias no bairro, a Coordenadoria de Salvamento Marítimo (Salvamar) montou um posto especial na Paciência, nesta terça-feira, de forma preventiva e de orientação às pessoas que procuram as praias para depositar as oferendas, como também no acompanhamento do trajeto do presente principal à embarcação, em conjunto com a Capitania dos Portos e a Marinha.
“Embora o trecho de orla de atuação da Salvamar compreenda o trecho entre Jardim de Alah e Ipitanga, esses eventos especiais também contam com a presença da Salvamar, cuidando do soteropolitano e dos turistas”, destacou o coordenador Alysson Carvalho.
Os agentes da Secretaria de Manutenção da Cidade (Seman) e da Companhia de Desenvolvimento Urbano de Salvador (Desal) foram responsáveis pelo serviço de tapumagem das praias, além de manutenção na Colônia de Pescadores Z1 e da Igreja de Santana.
Esperança – Por volta das 8h, o presente principal – a escultura de um cavalo marinho – chegou à praia da Paciência e foi levado diretamente ao mar. A embarcação responsável pelo transporte trazia grifada a palavra que expressa o desejo para 2022: “saúde”.
“A população atendeu ao pedido da Prefeitura de evitar o Rio Vermelho e o que vimos foram poucas pessoas acompanhando a saída do presente. Para isso, contamos com apoio dos órgãos da administração municipal e da Polícia Militar”, avaliou o presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), Isaac Edington.
O presente principal foi produzido pelo babalorixá Pai Dusho de Ogum, do Terreiro Ilê Axé Awa Ngy, que aproveitou para deixar uma mensagem à população: “O que tenho a dizer a todos os povos é para nos cuidarmos, andarmos em harmonia, ficarmos em casa e tomarmos a vacina, para ver se em 2023, nos 100 anos da festa, Iemanjá volta a ter a festa que é de direito dela, aberta para o povo”.
Observatório especial – Pelo segundo ano, a Semur atua, até as 18h, com o Observatório Especial da Intolerância Religiosa, criado para verificar qualquer tipo de ofensa à religião, ou algum tipo de represália ou agressão. Além disso, servidores do órgão trabalham na conscientização das pessoas quanto ao adiamento do presente, ou que o devoto opte por outro local para fazer a homenagem.
Segundo o coordenador de Reparação e Promoção Social da Igualdade Racial da Semur, Alison Sodré, a maior preocupação em 2022 é entender melhor a população. O Centro de Referência LGBT+ Vida Bruno estará a postos para receber qualquer demanda que venha a ocorrer durante o dia.
“Essa é a única festa do calendário que faz referência à matriz africana e, mais do que nunca, com a regulamentação do Estatuto da Igualdade Racial, em novembro de 2021, devemos monitorar, acompanhar e atender às comunidades dos povos tradicionais, uma vez que o planejamento estratégico da gestão se compromete com o combate à intolerância religiosa”, declarou. Ao final do observatório, é elaborado um relatório com base nos dados registrados durante o dia, e que servirão de base para o planejamento referente à atuação no ano seguinte.
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