Itaparica será tela para o lançamento dia 05 de maio do filme animação “Jimú e o Universo Ancestral”, de Aislane Nobre

O curta-metragem, inspirado no livro “Jimú – Memórias das Águas” da mesma escritora, conta com libras, audiodescrição e legenda em inglês

Uma criança curiosa, gulosa e sapeca recebe um chamado ancestral e embarca em uma jornada mágica para desvendar os mistérios da espiritualidade, da vida e da morte. Esta é a encruzilhada dramatúrgica do filme “Jimu e o Universo Ancestral”, curta-metragem de animação infantil que transporta o público para uma viagem mágica pela Ilha de Itaparica, na Bahia, a ser lançado no próximo dia 05 de maio, às 15h30, na Biblioteca Juracy Magalhães Jr, em Itaparica, e ficará disponível por 24 horas, no youtube do projeto (link – https://youtube.com/@universojimu?si=X9adCg_JIqSdTvLl). 

Inspirado na obra literária “Jimú – Memória das Águas”, da escritora e artista visual Aislane Nobre, o filme narra as aventuras de Jimú, uma menina esperta e gulosa, e sua irmã Nira. O curta-metragem, que tem a produção da Mirabolantes Studios, traz a infância entrelaçada com os mistérios da ancestralidade. O curta-metragem conta com libras, audiodescrição e legenda em inglês.

Ao receber um chamado ancestral ligado ao culto Egungun, Jimú se vê envolvida em desafios que transcendem sua compreensão infantil, temas profundos como a espiritualidade, a passagem para a vida adulta e o significado da morte. Jimú e o Universo Ancestral é uma crônica infantil sobre amor, respeito e os novos significados da existência.

O curta é uma fusão de duas histórias presentes no livro “Jimú – Memória das Águas” e resume a essência de toda a narrativa: revelar a profunda conexão ancestral de Jimú e a transformação dela numa mulher forte, sensível e enraizada. “Essa é uma obra que nasce do afeto, da memória e da força de uma herança espiritual viva. Quando escrevi Jimú: Memória das Águas, nunca imaginei que um dia veria essa história ganhar vida em forma de animação”, pontua Aislane Nobre. 

Enredo

A transformação para o audiovisual foi feita com muito cuidado, respeitando as raízes dessa história, mas também se abrindo a novas formas de contá-la. Com a ajuda de Giã, seu pai e líder espiritual da comunidade, de sua mãe Yaiá e da afetuosa Dona Mariinha, uma católica que representa o respeito entre religiões, Jimú descobrirá que sua fome é muito mais do que um desejo físico. A jornada da protagonista também se entrelaça com a misteriosa Criatura, uma figura enigmática que guarda segredos fundamentais para o crescimento de Jimú. 

Jimú e o Universo Ancestral é um filme sem narração. A palavra cede lugar ao som — e é através da sonoridade que mergulhamos nas memórias, nos encantamentos e nos mistérios que formam os universos de Jimú – terreno e espiritual. Cada som é um elo com o passado, cada silêncio, um chamado para escutar com o corpo inteiro.

Musicalidade 

Para reforçar o encontro de universos, Herison Pedro, do Ofò Laboratório Sonoro – que assume a direção de som, desenho de som e mixagem -, explica que a musicalidade da animação mergulha nas sonoridades que permeiam o mundo fantástico e cultural afro-brasileiro para compor toda a trilha sonora da obra. 

Todas as músicas foram criadas a partir das melodias dos cânticos ancestrais do culto aos Egunguns, divindades que representam a continuidade da vida através da espiritualidade. Lucas Maciel e Tiago Farias são os maestros, liderando e dividindo a direção musical, criação musical, produção de efeitos sonoros.

Animação Poética

Como ponto de partida, a produtora do filme Mirabolante Studios, liderada pelo trio Lucas Morassi, André Luis Silva e Andreia Silva, realizou uma oficina de ilustração com crianças para entender como o público infantojuvenil se relaciona com o universo proposto. Essa escolha reforça a ética do projeto: uma obra que se faz com e não apenas para o público.

Em reconhecimento ao protagonismo infantil nesse percurso, desenhos criados pelas crianças durante as oficinas foram incorporados discretamente em alguns cenários do filme — gesto simbólico de agradecimento e valorização de suas visões de mundo. “Jimu e o Universo Ancestral” é uma animação tradicional combinada com motion graphics. 

“A sobreposição de técnicas, a fluidez dos movimentos e o cuidado com a composição visual são, ao mesmo tempo, homenagens à ancestralidade e uma aposta estética em novos modos de narrar. Nesse sentido, Jimú não se limita a contar uma história. A animação propõe uma experiência sensorial e poética sobre a memória, o tempo e o pertencimento”, explica a Mirabolante Studios.

No dia seguinte, 06 de maio, às 10h30, a equipe de animação e produção de ”Jimú e o Universo Ancestral” voltará a realizar a oficina de ilustração, na Biblioteca Juracy Magalhães Jr, em Itaparica, direcionada ao público infanto-juvenil. “Este projeto foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo  Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022.”

Biografia Ancestral

Vale lembrar que, a animação é inspirada na obra de Aislane Nobre intitulada “Jimú – Memória das Águas”, um borrar de memórias ancestrais ficcionadas, que inicialmente foram escritas a partir das vivências e da oralidade familiar da escritora, dramaturga e artista visual. O livro foi lançado em novembro de 2024, com distribuição gratuita em escolas estaduais, terreiros de candomblé e para comunidade negra de 4 cidades do estado da Bahia (Itaparica, Salvador, Paulo Afonso e Cachoeira). Atualmente, o livro está sendo vendido no site do projeto www.universojimu.com.br

Nascida na Ilha de Itaparica, Aislane é uma artista visual, escritora e candomblecista, cujas obras são profundamente influenciadas pela espiritualidade e tradição afro-brasileira. Atualmente realiza seu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV-UFBA). Em sua atual pesquisa, intitulada “Ewás, uma poética da transformação: cor da pele e afetividade de uma família inter-racial no processo criativo contemporâneo”, investiga questões de cor e afetividade, utilizando como base a cosmovisão Yorubá.

Serviço

O quê: Jimú e o Universo Ancestral – um filme animação de Aislane Nobre

Quando: 05 de maio, às 15h30

Onde: Biblioteca Juracy Magalhães Jr, em Itaparica

Entrada: Gratuita