Ivanir dos Santos apresenta pré-candidatura ao Senado pelo PDT do Rio de Janeiro Ato mobiliza, na sede do partido, lideranças sociais e políticas de todas as regiões do estado É preciso avançar e ampliar as candidaturas negras no cenário político

O Prof. Dr. Babalawô Ivanir dos Santos oficializará, nesta sexta-feira (1), sua pré-candidatura ao Senado Federal pelo PDT do Rio de Janeiro. Na sede da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (FLB-AP), no Centro da capital, o ato contará com a participação do presidente nacional do partido, Carlos Lupi, e de lideranças sociais e políticas fluminenses.  
 
No Congresso Nacional, apenas 17,8% são negros: 89 de 513 deputados e 17 de 81 senadores. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam para a subrepresentação, uma vez que 56,2% dos brasileiros são negros, ou seja, é imprescindível a necessidade de mais candidaturas negras.
Vozes do movimento negro brasileiro alertam que novas candidaturas negras precisam surgir, mas devem estar alinhadas às pautas das mobilizações, com propósito de aglutinar as demandas populares. Nisso, os movimentos negros se somaram a essa estratégia na esperança do caminho à emancipação da população negra. Unegro, Frente Favela Brasil, Frente Antirracista, entre outros movimentos, declararam apoio oficial à candidatura do Ivanir dos Santos ao Senado. Importantes personalidades do PDT no estado, como a Deputada Estadual Martha Rocha e o ex-Deputado Federal e ex-Ministro do Trabalho, Brizola Neto, também declararam apoio ao sacerdote.
Os espaços de poder precisam ser ocupados por coletividades negras, por figuras negras legítimas. Ivanir dos Santos – Expoente no combate ao racismo e na defesa de direitos humanos, com destaque para as religiões de matriz africana, é morador da Mangueira, na Zona Norte, construiu sua trajetória em ações de destaque no estado, como a implantação da primeira Secretaria de Direitos Humanos, a interlocução da Anistia Internacional e a articulação do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas / CEAP.
 
Há 40 anos atuando em prol das liberdades, dos direitos humanos, das pluralidades contra o racismo e a intolerância religiosa, o sacerdote recebeu o prêmio International Religious Freedom (IRF), em julho de 2019. Entregue pelo Departamento de Estado do Governo dos Estados Unidos, em Washington
Pós-doutor em História Comparada, Prof. Orientador no Programa de História Comparada da UFRJ, acumula marcantes contribuições, como na implementação da Lei Caó (7.716/89), que levou o nome do autor: o deputado federal pedetista Carlos Alberto Caó. Considerada um marco, incluiu, na Constituição, o inciso que estabelece que racismo é crime inafiançável e imprescritível.
 
Aguerrido, venceu todas as barreiras, estudou e fundou, com um amigo de internato, a Associação dos Ex-Alunos da Funabem, em 1979. A ideia surgiu após observarem que os alunos que saíam dos internato eram discriminados pela sociedade. A iniciativa fez com que Ivanir levantasse a voz pela primeira vez para denunciar a ação crescente dos grupos de extermínio, um prenúncio sobre casos que posteriormente ganharam dimensões alarmantes, entre eles a Chacina da Candelária, em julho de 1993, e a Chacina de Vigário Geral. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apresentou a tese sobre “Marchar Não é Caminhar – interfaces políticas e sociais das religiões de matrizes africanas, no Rio de Janeiro, contra os processos de intolerância religiosa”, provocando uma grande reflexão nacional.
 
Essas e muitas outras lutas fazem dele uma referência nacional e internacional, em agora em outra frente, em busca por maior representatividade no processo eleitoral, em prol dos interesses da negritude, equidade e direitos humanos.