O deputado federal João Roma (Republicanos) pediu à Prefeitura de Salvador a flexibilização da obrigatoriedade do uso de máscaras para pessoas com autismo. A solicitação, por meio de um ofício, foi feita pelo deputado após reivindicação do vice-presidente da Associação de Amigos do Autista da Bahia (AMA-BA), Leonardo Martinez.O pedido de Roma também vale para pessoas com deficiência intelectual, com deficiências sensoriais ou com quaisquer outras deficiências que as impeçam de fazer o uso adequado de máscara de proteção facial. O parlamentar destaca que, em muitos casos, o uso das máscaras potencializa reações sensoriais ou agitações psicomotoras, provocando inclusive uma sensação de pinicação e queimação, o que impossibilita a utilização do objeto.“Esta medida atenderá ao pleito de pais e cuidadores de pessoas com autismo e outras deficiências. Muitos pais precisam, por exemplo, ir até a uma farmácia, supermercado, e precisam levar seus filhos. Contudo, devido à obrigatoriedade do uso de máscaras, acabam não podendo entrar nos estabelecimentos, assim como no transporte público”, afirma Roma.A solicitação da AMA leva em conta relatórios elaborados por diversos especialistas na área, a exemplo da neuropediatra Adriana Mattos, especialista em autismo; de Ana Marta Vieira Ponte, uma das maiores especialistas em terapia ocupacional do país; da neurologista e professora da Ufba Rita Lucena; e da virologista e também professora da Ufba Nadia Rossi.Leonardo Martinez explica que, para as pessoas com autismo, a máscara, que é um meio de proteção, pode ter um efeito reverso. “O relatório da dra. Nadia Rossi aponta que a máscara é um excelente instrumento de defesa desde que utilizada adequadamente. A frente das máscaras serve como barreira para que os vírus e bactérias fiquem retidos. Porém, a pessoa com o autismo, em função dessa questão sensorial, acaba manipulando muito essas máscaras. Então, o que seria um meio de proteção, vira um meio de contaminação”, afirma.Martinez conta que tem sido procurado por pais e mães que revelem situações complicadas em relação ao uso das máscaras. “Outro dia, fui procurado por uma mãe que não tem com quem deixar o filho dela, que não aceita usar a máscara. Ela precisou ir até a farmácia comprar o remédio dele, e teve que deixar o filho fora da farmácia, enquanto ela entrou para comprar o medicamento”, relata. |