Em dois dias de curso as vídeo-aulas pretendem dividir conhecimento sobre a musicalidade brasileira para jovens de periferia
Em sua 2ª edição, o Festival Panteras Negras Convida promove cursos online sobre musicalidade e interatividade nas redes sociais com conteúdo destinado à juventude negra, nos dias 13 e 14 de março, às 11h respectivamente. As quatro oficinas com média de 10 minutos estarão disponívéis de modo permanente no Canal EstaçãoZinha (https://www.youtube.com/channel/UCwSXY5aj5r2-4jGMVIg_gig) e pretendem oportunizar aos corpos pretos, periféricos e dissidentes a participação ativa na educação e produção musical, rompendo com as estruturas do racismo, machismo e lgbtfobias que limitam a qualificação e o acesso destes sujeitos à economia da cultura.
Os cursos gratuitos fazem parte do festival, uma iniciativa da banda Panteras Negras (@bandapanterasnegras ) junto à produtora independente EstaçãoZinha (@estacaozinha), fundada por Ziati Franco, homem trans negro, contrabaixista, produtor e compositor, que durante mais de 10 anos, viveu sua vida artística em um corpo negro feminino lésbico da periferia.
A banda, formada por Dedê Fatuma (percussão), Line Santana (bateria), Suyá Synergy (guitarra) e Ziati Franco (baixo), tem raízes negras e periféricas nos bairros Periperi, Pirajá e Engenho Velho de Brotas e retorna seu conhecimento e buscas autodidatas às juventudes das comunidades que compõem as suas ancestralidades.
“As ações do projeto refletem na existência individual de cada integrante da banda, ao carregar pautas pensadas especialmente no público negro LGBTQIA+ da periferia, por trazer vivências históricas em suas trajetórias. Acreditamos que através dessas vivências conseguimos atingir nosso público com a mesma linguagem musical, corporal e textual”, afirma Ziati Franco.
Comum às comunidades periféricas esse é um retorno sócio-político de corpos agora adultos, que disseram não ao racismo, machismo e lgbtfobias e rompem com as estatísticas produzidas por tais sistemas de exclusão. Todo conteúdo disponibilizado pela banda faz parte do projeto de vida ideológica ao qual o projeto se propôs a propagar desde o início de sua existência coletiva.
Os jovens que o projeto pretendem alcançar com as vídeo-aulas devem ter amplificadas as perspectivas musicais, a pluralidade rítmica, melódica e poética, além de entenderem como interagir artisticamente nas redes sociais,através dos quatro encontros que tem como temas “Produção Musical, e “Estratégias de interatividade nas redes sociais”, ministradas por Suyá Synergy e Ziati Franco, respectivamente, no dia 13 de março.
No dia seguinte, 14 de março, os inscrites terão aulas sobre “Percussão Baiana” com Dedé Fatuma e Line Santana, apresentadas em duas didáticas. Esta é uma das principais metas do projeto que reconhece e fomenta o talento desta população que se dedica e produz arte de qualidade e é muitas vezes impedida por violências estruturais do direito de criar e ser reconhecida na condução da musicalidade brasileira.
A banda Panteras Negras ainda convida a dupla perfo-política-musical As Mambas e as musicistas Daniela Nátali (clarinetista), Gabriela Wara Rêgo (oboísta) e Karen Silva (violinista) para integrarem os 2 dias de programação online, com bate-papos musicais e lives shows que atravessam gênero, raça, sexualidade, ancestralidade e musicalidade negra e dividem a importância da re-existente e sobrevivente potência do povo negro na música.
Toda a programação conta com libras para ampliar o acesso à comunidade surda nessa produção forjada por referências para as juventudes que farão não só as aulas, mas receberão incentivo para produzirem e darem continuidade aguerridamente à música negra, ao dialogar em um papo musical sobre as experiências artísticas das convidadas para os shows.
O projeto é contemplado pelo Prêmio Anselmo Serrat de Linguagens Artísticas, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura de Salvador, por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, com recursos oriundos da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal.