Leite: preço em julho subiu 25% ante ao mesmo período de 2019, diz Cepea

De acordo com levantamento, a elevação nos preços deve-se à maior competição entre as indústrias de laticínios para garantir a compra de matéria-prima em junho

O preço do leite ao produtor em julho, referente à captação de junho, registrou expressivas altas de 16,1% em relação ao mês anterior e de 25% em comparação com igual mês do ano passado (deflacionado pelo IPCA de junho/20), considerando a “Média Brasil”, que inclui os principais Estados produtores.

A cotação de R$ 1,7573/litro é o maior valor registrado para um mês de julho e o segundo mais alto de toda a série histórica do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), desde 2004, atrás apenas da média de agosto/16 (R$ 1,7751/litro).

Segundo o Cepea, a elevação nos preços deve-se à maior competição entre as indústrias de laticínios para garantir a compra de matéria-prima em junho. Os pesquisadores explicam que a concorrência acirrada, por sua vez, esteve atrelada à necessidade de se refazer estoques de derivados lácteos.

“Tipicamente, as indústrias empenham esforços nessa direção antes de abril, prevendo que a captação caia nos meses posteriores. Contudo, neste ano, as perspectivas negativas sobre o consumo nos médio e longo prazos diante da pandemia da covid-19 aumentaram o nível de incerteza em abril e diminuíram os investimentos das indústrias em estoques”, informa o Cepea.

Com a reação no consumo, ancorada nos programas de auxílio emergencial, as vendas de lácteos se fortaleceram em maio e junho, reduzindo ainda mais os estoques. Diante disso, houve expressivas altas nos preços dos derivados lácteos em junho: de 17,7% no caso do UHT, de 23% para a mussarela e de 10,9% no leite em pó. No campo, a oferta restrita em junho resultou em disparada no valor do leite spot. Na média de junho, o preço do leite spot em Minas Gerais ficou 45% acima do de maio, em termos nominais, chegando a R$ 2,28/litro.

O Cepea destaca que existe uma tendência típica de aumento das cotações ao produtor entre março e agosto, por causa da sazonalidade da produção. Neste período, a captação de leite é prejudicada pela baixa disponibilidade de pastagens, em decorrência da diminuição das chuvas no Sudeste e no Centro-Oeste.

No entanto, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea registrou alta de 4,5% frente a maio na “Média Brasil”, puxado pelos aumentos de 10% no volume captado no Rio Grande do Sul, de 7% em Santa Catarina e de 7,4% no Paraná. Segundo o Cepea, a maior captação no Sul esteve relacionada às melhores condições climáticas e também à ampliação do fornecimento de concentrado e silagem, estimulados pelos elevados níveis de preços do leite.

Os pesquisadores do Cepea ressaltam, entretanto, que, comparado ao ano anterior, os custos de produção leiteira estão mais elevados. Pesquisas do Cepea mostram que, com o recuo nas cotações do milho em junho, melhorou para o pecuarista a relação de troca, sendo necessários 35,2 litros de leite para a aquisição de uma saca de 60 kg de milho. Entretanto, em junho de 2019, eram necessários apenas 24,9 litros para uma saca de milho. Dessa forma, o poder de compra do produtor de leite diminuiu quase 30% na comparação anual.

Fonte:Canal Rural / Foto: Divulgação