O secretário de Saúde de Salvador, Léo Prates, afirmou nesta terça-feira (23) que todo o esforço para vacinar o máximo de pessoas na capital baiana é para evitar uma nova onda de Covid-19 na cidade.
Segundo ele, exemplos de países na Europa como a Áustria, que tornou obrigatória a imunização contra a doença, mostram que o “buraco” na vacinação permite a “volta da pandemia”.
“Nossos dados epidemiológicos estão bons no momento, a pandemia está sob controle, mas não queremos a volta da pandemia por um buraco na vacinação, que hoje é o nosso grande problema. Estive na Estação da Lapa [um dos pontos de vacinação] e estava vazio. Isso nos preocupa”, admitiu o secretário em entrevista ao programa de José Eduardo, na rádio Metrópole.
A resposta foi dada após o apresentador questionar o texto divulgado pelo secretário na noite desta segunda-feira (22) intitulado “Alerta Vermelho”, para chamar atenção para o alto índice de pessoas que ainda não tomaram uma das doses ou nenhuma.
Segundo Prates, a estimativa hoje é de que quase 400 mil soteropolitanos estejam em atraso com a imunização.
“É um número expressivo que nos assusto e por isso precisamos alertar as pessoas que a pandemia não passou. A Europa vive problemas hoje por esses buracos na vacina e é isso que não queremos que aconteça em Salvador. O ‘Alerta Vermelho’ é para que a gente não viva em janeiro, fevereiro, o que se vive agora na Europa“, pontua.
No último fim de semana, a SMS mobilizou uma estrutura com capacidade para vacinar 70 mil pessoas em um dia. No entanto, somente 15 mil soteropolitanos procuraram os postos de vacinação.
ESTRATÉGIA
Grande parte dos não vacinados são ainda jovens e adolescentes de 12 a 17 anos. Para tentar alcançar esse público, Prates diz que tenta uma parceria com a Secretaria de Educação do Estado para fazer uma “busca ativa” nas escolas da rede para poder vacinar os jovens.
“Estávamos conversando com o secretário Jerônimo Rodrigues para fazer uma busca ativa nas escolas estaduais, assim como fizemos nas municipais […] no sábado mobilizamos uma estrutura, a maior até agora, dava para vacinar cerca de 70 mil pessoas, com expectativa de bater recorde de vacinados, mas vacinamos somente 15 mil pessoas, 1/4 da expectativa. São números preocupantes e se continuarmos nesse ritmo, acredito que teremos problemas”, projeta.
APOIO
Quem também pode contribuir significativamente para o aumento dos imunizados é o próprio setor privado, diz o secretário. Como exemplo ele cita a Inglaterra, que conseguiu avançar na vacinação quando bares, restaurantes e boates/casas de eventos passaram a cobrar a imunização para poder entrar no local, medida que foi fundamental como estímulo aos jovens.
“Na Inglaterra teve recorde de vacinação porque nas baladas, bares, onde a garotada vai, começaram a cobrar a imunização. Seria importante se, por iniciativa própria, os empresários pudessem pedir para apresentar o Conecte SUS, passaporte da vacina. Até porque toda vez que alguma atividade econômica é fechada, diminui a arrecadação e todo mundo perde”, justifica.
“O prefeito Bruno Reis está muito imbuído no problema, não custa nada à classe empresarial. O momento nosso é excepcional, mas já vimos nessa pandemia, inclusive com a Europa, que tudo pode mudar. É um trabalho de prevenção para que não aconteça aqui”, complementa.
CARNAVAL
Tema polêmico e motivo de intensa discussão nas últimas semanas, o Carnaval precisa ser planejado seja qual for o destino da festa, defende Prates. Ele argumenta que o ideal é já pensar em três cenários: sem a festa, com a festa nos moldes de sempre, ou em um novo modelo.
Nos três casos é preciso se antecipar e dar uma posição para todos os setores que atuam diretamente e são impactados com a realização da folia.
Assim como já foi exemplificado por Bruno Reis, o secretário diz que existe a possibilidade de que o governador Rui Costa (PT) tome uma decisão favorável ao Carnaval em janeiro, por exemplo, mas que não poderia contar com artistas que estariam comprometidos para se apresentar em outras cidades.
O controle nos aeroportos nacionais seria outra forma de garantir a festa com maior segurança. O pedetista ressalta que hoje não existe nenhum controle para quem se deslocar entre as cidades do país, o que pode contribuir para a transmissão de novas variantes para locais diferentes.
O ideal, diz Prates, seria que o Brasil tivesse uma “liderança” nacional para regulamentar a movimentação nos aeroportos.
“Meu receio é no final de janeiro decidir que tem Carnaval e grandes artistas estarem fora, isso teria um custo alto para Salvador. E a cidade estará mesmo protegida? Por qual barreira epidemiológica passa alguém que vem de São Paulo para Salvador? Por isso a minha opinião seria pela federalização, mas falta liderança nesse momento pois não há controle nenhum”, resume.
Fonte:BN / Foto:Reprodução