Em comunicado, o Centro Nacional de Navegação Transatlântica, informa que a logística marítima está sendo afetada pelo efeito da pandemia nas rodovias
Em comunicado distribuído à imprensa, Claudio Loureiro de Souza, diretor executivo do Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave), informa que os lockdowns que vêm ocorrendo na China, especialmente em Xangai, estão provocando maior impacto até o momento na logística terrestre interna do país.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as autoridades chinesas estão enfrentando o maior surto de Covid-19 desde o início da pandemia, com uma variante híbrida de duas cepas da ômicron. “Diante desse novo recorde de infecções, as autoridades de Xangai, onde se localizam os mais importantes terminais de contêineres do mundo, adotaram uma série de medidas rigorosas para controlar o contágio, causando interrupções significativas nas atividades locais de fabricação e transporte, o que inevitavelmente adiciona uma pressão extra no sistema logístico terrestre interno do país”, informa a Centronave.
Cerca de 200 milhões de pessoas e mais de 20 cidades chinesas estariam sob lockdown total ou parcial, com suas entradas e saídas rodoviárias bloqueadas total ou parcialmente. Com isso, o transporte terrestre interno do país foi bastante afetado e a cadeia interna de suprimentos está sob grande pressão. De acordo como o comunicado, o índice Caixin China General Manufacturing PMI, que mede o desempenho geral da produção do país, teve queda em março de 2022, com as taxas mais baixas vistas desde fevereiro de 2020.
Outro fator a ser considerado é que a rigorosa testagem realizada na população e nos trabalhadores, incluindo os motoristas de caminhão, fazem com que as mercadorias se acumulem nos depósitos e instalações de armazenagem, inclusive nos portos. “Esses são os principais fatores que estão resultando em um gargalo logístico interno e começando a gerar atrasos no transporte marítimo, devido ao acúmulo de bens e mercadorias parados”, afirma Souza.
“Uma pesquisa publicada em 1º de abril pela Câmara de Comércio Americana com a participação de 167 empresas associadas — 120 das quais mantêm operações em Xangai — mostrou que 57% dos entrevistados sofreram interrupções em suas cadeias de suprimentos”, afirma o comunicado ao lembrar que na semana passada, uma das principais empresas de transporte marítimo internacional avisou a seus clientes que as medidas de bloqueio poderiam restringir os serviços de transporte em até 30%.
“Diante desse cenário, algumas montadoras localizadas em Xangai e empresas portuárias anunciaram que estão começando a utilizar o ‘modelo de trabalho em ciclo fechado’, em que os trabalhadores dormem no local de trabalho para evitar o risco de infecções externas.”, revela o Centronave.
Para Souza, ainda é prematuro prever quando ocorrerá a normalização da cadeia logística na China. “Há diversos fatores a serem considerados, principalmente a duração desse surto da variante ômicron e das medidas governamentais que serão tomadas, sendo certo que as autoridades estão atuando da melhor forma possível e por elas entendidas como as mais adequadas em cada caso, levando em consideração todo o contexto sanitário, operacional, logístico e industrial.”
De acordo com o comunicado, outra preocupação a ser considerada, no futuro, será a possível sobrecarga de volumes acumulados de contêineres e o possível congestionamento na armazenagem de mercadorias assim que os lockdowns forem sendo encerrados e as restrições removidas.