Lula (PT) afirmou a diversos interlocutores que vai indicar um ministro para o Supremo Tribunal Federal (STF) nesta semana.
Depois de viajar o mundo e de deixar a temperatura sobre a indicação baixar, fazendo silêncio sobre a indicação, o presidente voltou a conversar sobre o assunto e disse que finalmente vai tirar o nome de cartola para enviar ao Senado Federal, que precisa sabatinar o candidato e aprová-lo para o cargo.
Um fato deu peso às palavras de Lula: ele conversou sobre o calendário com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, com quem almoçou na semana passada.
Depois, repetiu a informação para ministros de seu próprio governo e para assessores diretos.
E voltou a dizer que a indicação será nesta semana para autoridades e amigos que convidou para um churrasco na sexta (26).
Uma atitude, no entanto, intrigou os interlocutores do presidente: ele não falou quem será o escolhido.
O que leva esses interlocutores a seguirem apostando firmemente no advogado Cristiano Zanin para o posto.
Ele seria uma escolha pessoal de Lula, que não passaria por qualquer articulação política, nem mesmo dentro do PT.
Já outros cotados exigiriam de Lula mais conversa e negociação.
Zanin defendeu Lula na Operação Lava Jato e se aproximou ainda mais do presidente da República quando ele estava preso, conquistando a sua confiança do ponto de vista técnico e profissional.
Os dois já tinham uma relação familiar, já que Zanin é casado com Valeska Zanin, que é afilhada do presidente e tem com ele uma relação de décadas.
Se confirmada, será uma escolha, portanto, da cota exclusiva de Lula.
A escolha de Zanin é também cercada de simbolismo, já que ele esteve à frente da defesa de Lula na Lava Jato e fez contraponto ao então juiz e hoje senador Sergio Moro (União Brasil – PR).
O ex-juiz saltou da carreira na magistratura para ser ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL).
Um de seus sonhos era ser indicado ministro do STF, mas Bolsonaro, que tinha direito a duas vagas, fez outras escolhas, indicando Kassio Nunes Marques e André Mendonça para a Corte.
Mônica Bergamo / Folha de S. Paulo