O Hospital Materno Infantil de Juazeiro realiza por mês cerca de 400 partos. Desses, 35% são cesarianas. A maternidade, que integra a Rede PEBA (hospitais de Pernambuco e Bahia), recebe mulheres de 53 municípios. A regulação é para partos de baixa complexidade, em que mães e bebês não necessitam de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Com o centro cirúrgico em fase final de reforma, apenas uma sala de cirurgia está em funcionamento, o que provoca superlotação, principalmente aos finais de semana. As cesarianas são criteriosamente avaliadas pela direção médica, obedecendo os critérios protocolares para as cirurgias, o que algumas vezes a população não compreende.
“O critério de escalonamento pra saber qual as cirurgias são mais urgentes, sempre são prioridade aquelas com risco de morte, complicações materno-fetal, e são agudos, como sangramento intenso materno, diminuição dos batimentos fetais com presença de líquido meconial (material fecal, fenômeno é anormal e pode indicar sofrimento fetal)”, explica o diretor médico do Hospital Materno Infantil de Juazeiro, Jair da Silva Brito.
“A gente teve um caso recentemente em que a acompanhante de uma paciente invadiu a maternidade após saber que o médico tinha liberado a dieta dos procedimentos da cesária, pois chegaram duas cirurgias de urgência. Uma paciente com mais de 18 horas de bolsa rota, e um parto pélvico (quando o bebê está fora da posição) que chegou de Remanso, em seguida uma bradicardia (os batimentos cardíacos do bebê vão caindo com a própria contração). Então os médicos preferiram deixar essa cesária para o início da manhã, pois a paciente se encontrava em bom estado de saúde, sem muita pressa para o procedimento. A acompanhante invadiu a triagem, exaltada, dizendo que ia tirar a paciente de lá, que a mesma estava jogada e sendo maltratada”, contou a diretora geral do Hospital Materno Infantil de Juazeiro, Graça Carvalho.
Os médicos orientam as mães para o parto natural durante todo o pré-natal, informando sobre os riscos de uma cesariana.
“A cesariana é indicada principalmente quando a mãe ou o bebê correm risco de morte. A escolha do tipo de parto deve ser baseada no histórico da paciente e no trabalho de parto. Muitas mulheres não sabem os riscos que esse procedimento apresenta. A cesariana não deve ser realizada apenas para evitar a dor, sendo fundamental que o médico só indique o procedimento caso seja necessário. O parto cesariano aumenta em 10 vezes o risco de infecções e hemorragias comparado ao parto normal. Além de complicações que podem acontecer depois das cirurgias, como as embolias pulmonares. De cada 10 mulheres que fazem parto normal, só uma pode complicar. A cesariana é bem mais arriscada”, ressalta Jair da Silva Brito.
Casos de indicação de cesárea
Os casos mais comuns para a indicação de uma cesariana são, por exemplo, falha na progressão do parto, ou seja, nos casos em que a dilatação não está ideal a fim de se diminuir o tempo de trabalho de parto. Casos de placenta prévia, em que ocorre sangramento nas últimas semanas de gestação em razão da implantação da placenta no colo do útero, se acontecer descolamento prematuro da placenta, provocando o risco de mortalidade do bebê e da mãe, quando o bebê está com peso elevado, com índice de massa corpórea maior que 25kg/m2, que dificulta o parto normal.
Avaliando as condições do bebê, quando a frequência cardíaca fetal alterada, os médicos recomendam que a cesárea só seja realizada após uma análise de outras características, como o aspecto do líquido amniótico, dilatação, entre outros.
É comum a indicação de cesárea após a realização de uma cesárea anterior, para evitar a ruptura da cicatriz do útero de um parto cesáreo realizado anteriormente. Vale destacar que alguns trabalhos afirmam que o sucesso de um parto normal é de 70% nesses casos.
Fotos: Marcel Cordeiro/PMJ