Líder do PT na Câmara Municipal de Salvador, a vereadora Marta Rodrigues disse que a mensagem do prefeito na reabertura dos trabalhos na Casa seria ‘até bonita’ se fizesse jus à realidade da capital baiana.
No entanto, acrescenta ela, o que se vê na cidade é o oposto do que o democrata afirmou em seu discurso de duas horas na segunda-feira (3). Para Marta, o prefeito precisa sair do gabinete para conhecer a realidade da população, que atualmente sofre com o desemprego, com a falta de qualidade dos ônibus coletivos, com a baixa cobertura na Atenção Básica, com a perseguição aos ambulantes, com a falta de investimento para combate ao racismo.
“O prefeito falou de ter recuperado a autoestima do povo soteropolitano mas o que vimos é um povo sofrido, vivendo na capital do desemprego, sempre reclamando do atendimento nos postos de saúde, da falta de respeito com o povo pobre e negro, exemplo disso foi o cadastramento de ambulantes para o Carnaval que teve filas quilométricas desde o dia 26 de janeiro”, disse.
Segundo a vereadora, o prefeito gastou muito tempo para falar de projetos que ainda não foram concluídos. “Não foi uma mensagem para os vereadores e para a população. Foi uma campanha de marketing antecipada. Quando ele citou a saúde, se esqueceu de dizer, por exemplo, que Salvador ainda continua com uma das piores coberturas de Atenção Básica, com apenas 39%”, afirma.
Marta lembra que por conta dessa baixa cobertura quase 70% dos atendimentos de urgência e emergência de Salvador correspondem a condições que poderiam ter sido evitadas por uma atenção básica mais ampla e resolutiva, principalmente complicações de diabetes e hipertensão.
Ainda contrapondo os dados do prefeito, a vereadora petista ressalta que a questão das maternidades é outro problema da capital baiana que sobrecarrega a rede estadual de saúde. “Como Salvador não possui nenhuma maternidade, o Governo do Estado assume a assistência integral ao parto no município, ainda que lhe caiba prioritariamente os casos de alto risco. A maioria dos municípios do interior, mesmo aqueles com menos de 20 mil habitantes, possui alguma maternidade”.
Orçamento – Ainda conforme Marta, o o orçamento de 2020 é mais uma prova de que o discurso do prefeito está longe da realidade de ‘cuidar do povo de Salvador’.
“Ele fala como se Salvador vivesse às mil maravilhas. Mas o próprio orçamento de 2020 enviado por ele à Câmara mostra a falta de prioridades. Estão previstos R$ 50,7 milhões para eventos e festas, R$ 39 milhões para publicidade institucional, R$ 10,6 milhões para a Defesa Civil. Não há prioridades para o povo pobre e negro dessa cidade, tampouco para combater o racismo”, pontua.
A petista também frisou que embora Salvador seja a quarta maior capital do país, ainda não tem um Plano Municipal de Saneamento Básico e o Plano Diretor de Encostas continua desatualizado há 15 anos. “Até hoje não existe um Plano Municipal de Saneamento Básico, tampouco de micro e macro drenagem urbana. Desde 2004 o Plano Diretor de Encostas continua sem atualização. São diversas as carências da capital baiana. O discurso de Neto não condiz com a realidade”, disse.