Mudança de hábito alimentar é incentivada em alunos da rede municipal

Considerando o importante papel da escola na formação dos hábitos alimentares dos alunos, a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Educação (Smed), busca incentivar os estudantes através de aulas de culinária, palestras e atividades de conscientização. A ideia é ajudar a despertar o interesse dos educandos e de toda a família para a importância de uma alimentação saudável.

Aluna do 4° ano da Escola Municipal Professor João Fernandes da Cunha, no Parque São Cristóvão, Victoria Ferreira Alves, de 10 anos, contou como a unidade de ensino influenciou a reeducação alimentar. “Temos muitas aulas sobre saúde. E lá, nos ensinam que não devemos comer muito doce, fazendo uso, de preferência, só depois da refeição da tarde. Não pode comer muito açúcar, aquele suco de pó, nem guaraná por causa do açúcar, senão teremos diabetes. Antes eu comia muito salgadinho e doce e bebia muito guaraná, agora, começo a comer mais frutas e legumes, que são comidas saudáveis e boas para a saúde”, disse.

Em casa também houve mudanças na alimentação, que ganhou novas cores e sabores. “Agora como alimentos mais saudáveis, como carnes sem muita gordura, nem muito sal, e o refrigerante só quando tem algum aniversário. Todos os dias eu comia doce, agora só como à tarde e à noite. Estou mais saudável, comendo feijão – antes não gostava de feijão, arroz e bebendo mais água. No almoço, às vezes como frango, bife ou peixe. E aqui na escola sempre tem frutas”, contou Victoria.

Silvia Ferreira Santos, 32, mãe de Victória, falou que a iniciativa foi adotada e bem recebida em casa. “Foi uma coisa da escola mesmo, do cardápio elaborado por eles. A Victória chegou em casa cheia de novidades. ‘Minha mãe, não posso tomar refrigerante. Esse suco de refresco em pó também não pode. A carne tem que estar bem cozida’. Às vezes eu faço alguma coisa lá e ela diz ‘Minha mãe, isso não pode! Tira o sono’. A parte mais difícil para ela foi o refrigerante, mas agora a gente compra a polpa e ela até prefere.”

Silvia relatou que se surpreendeu com a filha que, tão nova, teve essa iniciativa. “Eu fiquei surpresa por ela tomar essa atitude, por ser uma criança. Hoje ela está mais ativa, menos nervosa. Antes, a gente comia muita merenda. Não sei se tem a ver, mas ela está mais tranquila e cheia de energia. Passou a comer feijão, arroz, tudo direitinho, odiava fígado e agora ela come. Até disse que não é tão ruim assim (risos). Como trabalho o dia todo, quem traz as novidades é ela”, concluiu.

Hora das refeições – No momento das refeições, a escola adotou o modelo self-service, onde os próprios alunos podem escolher o quanto vão comer, com exceção da proteína, que é dada pelos profissionais da cozinha. Os funcionários prestam auxílio nesse momento, acompanhando a composição do prato até o final das refeições.

Vice-diretora há três anos, Sandra Santos Conceição, 49 anos, reconheceu que, no início, houve resistência das crianças. Mas a adaptação valeu a pena, visto que foi positiva para alunos, família e gestores. “No início não foi muito fácil, como Victória falou, criança é muito voltada a comer ‘besteira’, e vem muito da questão da família educar e incentivar. Foi um desafio grande para gente conscientizar. Contamos com a ajuda de cada professor para trabalhar com relação a isso, cada um com sua didática”, comentou.

A vice-diretora diz ainda que foram realizadas atividades e exposições mostrando a pirâmide alimentar nas salas de aula, além de abordar assuntos como os riscos da gordura para a saúde, entre outras atividades. Nesse contexto, ela afirma que enquanto o nível de aceitação aumenta, as sobras, após os momentos das refeições, diminuíram.

Restrições – A escola também preza pela individualidade de cada estudante. Nutricionista da Gerência Regional de Itapuã, Camila Lima Passos esclareceu que todas as crianças que têm restrição alimentar, comprovada por laudo médico, recebem um cardápio específico. Além disso, os pais e responsáveis têm acesso à lista de alimentos que serão usados nas refeições semanais e recebem orientações quanto ao que fazer para melhorar a alimentação em casa.

“A gente sempre está disponível. Atuamos de acordo com o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Damos orientações e ajudamos os alunos, fazendo atividades em conjunto com as famílias, tentando sempre orientá-los. Em algumas escolas, conseguimos fazer o encaminhamento do aluno para receber atendimento nutricional em um posto de saúde”, informou.