Um elo ancestral entre o fim do século XVI e o ano de 2021. É o que liga o fictício quilombo urbano do Ferreiro ao real Quilombo dos Palmares, em Alagoas, um dos berços da resistência negra e da cultura afrodiaspórica de Angola. A descoberta desta relação é uma das questões que o público vai ver se desenvolver através do enredo do musical infanto-juvenil ZUMBINDO, do COOXIA Coletivo Teatral, que fica disponível virtualmente no canal do grupo no YouTube, até 25 de julho, com acessibilidade em libras voltada a surdos e mudos.
O musical traz o encantamento e a contemplação da cultura Iorubá e aspectos da tradição Bantu – nação predominante no quilombo alagoano – a partir da trajetória de Flor, uma menina negra, tal qual Dandara, que conhece Palmares através das histórias contadas por sua mãe. Através da ludicidade e do saber compartilhado, a protagonista da história transforma o guerreiro Zumbi no seu amigo imaginário.
É com esta companhia que a garota compartilha momentos especiais em que dança, canta e inventa. Em Zumbindo, os personagens embarcam em uma mistura fantástica do contemporâneo com revisitações à cultura africana, conhecendo um pouco mais do legado de manifestações culturais e artísticas afro-diaspóricas no Brasil. Ao tempo que as crianças conhecerão este legado cultural, será também apresentada a história de Zumbi dos Palmares, herói brasileiro, cuja trajetória, bem como a do seu povo, é tão pouco apresentada nos livros didáticos.
No desenrolar da amizade entre Flor e Zumbi, estas expressões os abraçam e refletem ludicamente questões sociais marcantes, como propõe a concepção do espetáculo musical infantojuvenil, que é todo repleto de referências relacionadas ao contexto sociocultural e imagético herdado da participação dos povos africanos. Assim, expressões artísticas das periferias e favelas, tais como o samba, o funk e a cultura hip-hop somam-se às manifestações culturais tradicionais como Maracatu, Zabiapunga, as Paparutas e Nego Fugido para contornar o espetáculo infantojuvenil.
“Histórias da tradição bantu foram importantes para a construção dramatúrgica, mas o que veremos em cena é o que Palmares se tornou, uma grande mistura de povos, etnias e troncos linguísticos”, descreve Guilherme Hunder, que assina a dramaturgia, ao lado de Denisson Palumbo.
Os atores e atrizes que brincarão de dar vida ao texto de Palumbo e Guilherme Hunder são Larissa Libório, Leno Sacramento, Denise Correia, Igor Nascimento, Natalie Souza e Sidnaldo Lopes. A assistência de direção, conta com Letícia Aranha e Lucas Oliveira. Na ficha técnica de Zumbindo estão ainda nomes como Ray Gouveia e Felipe Pires, que comandam a Direção Musical; Erick Saboya e Jéssica Marques, à frente do Cenário; enquanto Diego Moreno elabora a Programação Visual e Diney Araújo comanda a fotografia.
Com realização do COOXIA Coletivo Teatral, o espetáculo contará com transmissão gratuita através do YouTube. Após as apresentações, os atores estarão disponíveis para um bate-papo com interação online para discutir cobre o processo criativo do espetáculo, pautando a construção de trabalhos para as infâncias e juventudes na perspectiva afrocentrada. As exibições serão gratuitas, no Youtube do Cooxia Coletivo, mas poderão ser feitas contribuições através de QRCode e chave pix: coletivocooxia@gmail.com.
Zumbindo é um projeto contemplado pelo Prêmio Anselmo Serrat de Linguagens Artísticas, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura Municipal de Salvador, por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, com recursos oriundos da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal.
Foto: Divulgação