O setor de produtos florestais tem mercado mundial e em expansão. Possui importância estratégica para a economia e mesmo o desenvolvimento da estrutura social em tempos de necessária consciência de sustentabilidade. O setor de base florestal inclui todos os segmentos que usam madeira em seus processos produtivos, além dos produtores de madeira, esses últimos protagonistas de uma grande mudança que vem se dando no tangente à obtenção de madeira para os mais diversos fins. Se antes utilizar madeira significava derrubar árvores nativas em ações que resultavam em devastação do meio-ambiente, hoje cultiva-se madeira em fazendas construídas para esse fim. São as agroflorestas que se espalham pelo mundo e têm no Brasil e na Bahia grandes áreas cultivadas e planos de expansão.
Atualmente, a Bahia possui cerca de 700 mil hectares de plantações florestais e 400 mil hectares de florestas nativas destinadas à preservação ambiental e oriundas dessa atividade agrícola. Por aqui são plantadas 250 mil árvores por dia. O setor gera renda de forma direta, indireta e de efeito para 222,7 mil pessoas. Os bons números impactam positivamente nos indicadores da economia do estado. No tangente às exportações do agronegócio baiano, por exemplo, em 2022 o segmento Produtos Florestais aumentou sua participação em 19,82% na comparação com os valores contabilizados em 2021.
“O setor florestal traz exemplos de um trabalho sério pautado nas novas utilizações da madeira plantada para atender novos hábitos de consumo sustentável”, diz Wilson Andrade, diretor executivo da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf).
Na Bahia, o setor está presente em quatro polos de produção: Sul e Extremo Sul, Sudoeste, Oeste e Litoral Norte. Cerca de 95% de toda a área ocupada com florestas plantadas é composta por eucalipto, o que leva a Bahia ao 4º lugar no ranking nacional de cultivo dessa espécie.
“Queremos dobrar a área plantada (dos atuais 700 mil para 1,4 milhão de hectares) em dez anos na Bahia. Para isso, a Abaf lançou, em agosto de 2022, a proposta do Plano Bahia Florestal 2033, nos moldes de outros estudos que alguns estados brasileiros já fizeram, a exemplo do Mato Grosso do Sul que, em dez anos, passou de 300 mil hectares de florestas plantadas para 1,3 milhão e acaba de lançar novo planejamento para a próxima década. Entre os objetivos do nosso plano estão a intensificação do uso múltiplo da madeira e a maior inclusão dos pequenos e médios produtores e processadores de madeira”, revela o diretor da Abaf.
Na Bahia, a cadeia produtiva do setor florestal-madeireiro é composta por mais de 500 empresas. Cerca de 52% delas estão associadas à produção de móveis de madeira, outros 32% são compostos pela indústria madeireira (serrarias e usina de tratamento de madeira) e 16% com a indústria de celulose, papel e papelão. Destacam-se entre os principais produtos do setor florestal baiano a celulose de fibra curta, celulose solúvel/especial, papel/papelão, madeira serrada, madeira tratada, móveis de madeira, carvão vegetal, além de biomassa/pellets e resíduos oriundos da atividade florestal, que suprem a indústria do agronegócio e de bioenergia no estado.
“As chamadas florestas plantadas são uma solução experimentada e eficiente para o desenvolvimento dos mercados que precisam da madeira para atividades diversas. Atuando com vistas à sustentabilidade, esse segmento ganha importância em todo o mundo, criando uma demanda qualificada que exige madeira certificada. A Bahia vem crescendo nesse setor e prova disso é o quanto ele já é importante para nossas exportações. Mas podemos crescer ainda mais e estamos nos empenhando para criar condições que tornem isso possível no menor espaço de tempo”, conclui o titular da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri), Wallison Tum.
Fotos: Div./Ascom Abaf